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Marcelo lembra que a reestruturação do SEF está nas mãos do Governo, sindicato critica-o e diz que “extrapolou competências”

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Miguel A. Lopes / Lusa

Marcelo Rebelo de Sousa recebeu o Diretor Nacional da PSP no Palácio de Belém no passado domingo. No fim do encontro, Magina da Silva revelou ter proposto ao Presidente da República a extinção do SEF e a criação de uma polícia única a partir da Polícia de Segurança Pública. A ideia, no entanto, não agrada a todos.

Não é uma prática habitual, mas numa altura em que o SEF está debaixo de fogo, Marcelo Rebelo de Sousa recebeu o responsável da PSP a um domingo. O encontro parece ter sido promissor, uma vez que a saída, Magina da Silva, já revelava alguns dos pontos a ser discutidos com o chefe de Estado.

Uma das propostas feitas pelo Diretor Nacional da PSP foi que o futuro do SEF passasse pela extinção da PSP e do SEF, de forma a fundir as duas entidades numa polícia nacional, como acontece em outros países.

O diretor da PSP anunciou de forma pormenorizada o que disse “estar a ser trabalhado com o Ministério da Administração Interna” e que passa “pela fusão entre o SEF e a PSP”, revela o Expresso.

O diretor da PSP não teve “papas na língua” na hora de fazer pedidos a Marcelo. Magina da Silva disse ter abordado o assunto da reestruturação do SEF “com o senhor Presidente”, a quem disse ter “proposto de forma muito direta” o que pensa do assunto.

Quem não gostou de ouvir estas declarações foi Eduardo Cabrita. O Ministro da Administração Interna recorda que “não é um diretor da polícia que deve anunciar uma possível reestruturação do SEF”, mostrando assim algum desconforto com o que foi dito por Magina.

A reação de Cabrita tem total apoio de Marcelo Rebelo de Sousa, que também frisa que “a reestruturação do SEF compete ao Governo”. O Presidente da República esclarece que o epicentro da reforma em curso nunca será Belém, mas sim o Governo.

De acordo com o Expresso, António Costa já chamou a si a coordenação de todo o processo. Como afirmou Eduardo Cabrita no passado domingo, “esta é uma matéria que o Governo está a trabalhar, envolvendo diretamente o primeiro-ministro, os ministérios da Administração Interna, dos Negócios Estrangeiros, da Justiça e a Presidência do Conselho de Ministros. E é neste quadro de envolvimento direto do primeiro-ministro e de quatro áreas governativas que teremos brevemente, de modo adequado, a explicitação daquilo que é a forma de dar expresso cumprimento ao Programa do Governo”.

Segundo fontes ouvidas pelo Expresso, a ideia apresentada pelo diretor nacional da PSP não corresponde ao que que o Executivo já terá informado ao Presidente da República estar a ser trabalhado. Ainda assim, as declarações de Magina da Silva não terão criado apenas mau-estar no Ministério, mas também na PJ.

O Presidente da República falou na quinta-feira, após Eduardo Cabrita ter anunciado uma indemnização à viúva do ucraniano morto, assumindo assim a culpa do Estado, mas também frisou que deverão ser feitas mudanças no SEF. “Se o SEF não serve não há SEF”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, admitindo que o virar de página exija “outros protagonistas”.

A indireta foi lida como servindo tanto para o ministro como para os responsáveis pelos serviços. Contudo, António Costa não perdeu tempo em reafirmar total confiança política no seu ministro.

Reorganização mas não extinção

Neste cenário, o Sindicato da Carreira de Investigação e Fiscalização do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras – o SCIF/SEF, representante dos inspetores do SEF, garante que “não há nenhuma outra força de segurança, não há nenhuma outra polícia, cujos membros se tenham esforçado tanto para merecer o título de mais moderna, mais eficiente, mais competente e mais humanista das forças e serviços de segurança que existem em Portugal”.

Acácio Pereira, presidente do Sindicato, afirmou que “cabe ao SEF parte do mérito de Portugal ser hoje, segundo os melhores rankings internacionais, o terceiro país mais seguro do mundo”.

Tendo em conta as notícias da extinção do SEF, o sindicato sublinha que “é preciso deixar claro, bem claro, que o episódio sinistro que levou à morte de um cidadão no aeroporto de Lisboa, assim como outros casos de abuso de poder que possam ter existido, são, em todo o caso, exceções ínfimas no trabalho global do SEF e dos seus inspetores”.

Os representantes dos inspetores acrescentam que “dizer isto, não é minimizar, nem retirar gravidade, ao que se passou. Pelo contrário. Estamos aqui a reafirmar, olhos nos olhos, que é grave e que não pode voltar a acontecer”.

O sindicato garante que “não se trata de qualquer problema sistémico – para utilizar a expressão do Senhor Presidente da República – mas sim de casos isolado”.

Segundo Acácio Pereira, perante estes casos isolados, o que é essencial é que a Direção Nacional promova as ações necessárias para que factos semelhantes não voltem mais a ocorrer.

O responsável deixa ainda um pedido “Senhores deputados, Senhor primeiro-ministro e senhores ministros, Senhor Presidente da República  é isto que tem de ser feito: dotar o SEF, reorganizar o SEF. Não é acabar com o SEF. Não é tirar competências ao SEF”, apela.

De acordo com Acácio Pereira, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ao falar sobre o SEF, a sua reestruturação e da eventual existência de um problema sistémico naquele órgão de polícia criminal “extrapolou as suas competências”, justificando que talvez tenha sido por causa da questão eleitoral, mas que o SEF e os seus inspetores merecem um pouco mais de respeito.

Deixou ainda claro que não há nenhuma outra polícia, “à exceção talvez da Polícia Judiciária”, que tenha tão boas capacidades como o SEF em termos de “direitos humanos e em matéria de combate ao racismo e à xenofobia”. Na sua opinião, questões como a reestruturação do SEF têm que ser analisadas de forma ponderada, pois a “pressa é má conselheira” em matérias tão delicadas.

AMM // ZAP

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5 Comments

  1. Papagaio do reino, está nas tuas mãos o poder de mudar o país para melhor, mas és demasiado preguiçoso para desempenhar essa nobre função.

  2. Velhos problemas velhas soluções. Atraso sistémico, incompetência, incapacidade, corrupção.
    Em tempos de crise “devem ser mudadas as designações das instituições caducas e problemáticas”, já dizia Confúcio.
    Em tempos havia uma polícia especial para a regulação do trânsito automóvel. Era designada por Polícia de Viação e Trânsito. Foi apanhada num sistema próprio de facturação de multas, coimas, contra-ordenações etc. . Foi alterada a designação daquele corpo especial (os corruptos directamente visados foram punidos), os outros transitaram para a GNR-Brigada de Trânsito. Voltou o velho problema, anos mais tarde, mesmo debaixo de outra designação. O mesmo se passou com a Junta Autónoma de Estradas e com tantos outros organismos da administração do estado. Não será mais sensato reformar de facto as organizações e as pessoas escolhidas por lealdades pessoais e partidárias?

  3. Cada dia que passa a ler os comentários deste senhor,mais me convenço que a democracia é uma farsa e só protege os incompetentes e seus tachos.Um país com quase novecentos anos de história,não passa de um país sem rumo,sem futuro e vai continuar miserável como sempre.Faço um apelo,antes de votarem,pensem bem no que vão fazer.

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