O acordo de empresa assinado entre a TAP e o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) vai ser suspenso, segundo avança o jornal Público. Bloco de Esquerda chama Pedro Nuno Santos ao Parlamento “com urgência”.
De acordo com o jornal Público, o anúncio da suspensão do acordo de empresa assinado entre a TAP e o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) foi feito pelo ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos.
O governante está a receber os sindicatos esta semana, aós terem sido confrontados com alguns dados do plano de reestruturação por parte da administração da TAP na sexta-feira passada.
O plano, que tem de ser entregue em Bruxelas até ao próximo dia 10, implica o despedimento de 2.000 trabalhadores efetivos (750 tripulantes, 500 pilotos e 750 trabalhadores de terra), a que se juntam outros cujos contratos não são renovados, bem como um corte de 25% nos salários.
O SNPVAC enviou um curto comunicado aos seus associados depois da reunião com Pedro Nuno Santos, informando que “o ministro informou o sindicato que o AE [acordo de empresa] será suspenso”. O sindicato “repudiou o despedimento de mais 750 tripulantes de cabine (número que continua por explicar), assim como os 25% de redução salarial” e defende que “os argumentos apresentados pelo ministro não clarificaram os números apresentados pela empresa”.
Ao Público, o presidente do SNPVAC, Henrique Louro Martins, disse que não foi dada nenhuma explicação para a suspensão do acordo de empresa por parte do ministro. “A perda de um acordo de empresa é sempre trágica para um grupo profissional”.
Segundo Louro Martins, a suspensão do acordo não provoca alterações salariais, mas vem “mexer com a qualidade de vida dos tripulantes em termos de rácio entre trabalho e descanso”.
O Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) avançou na segunda-feira com uma providência cautelar a exigir que lhe seja prestada informação sobre o plano de reestruturação da TAP, nomeadamente sobre os despedimentos.
Bloco chama Pedro Nuno Santos ao Parlamento
Segundo o semanário Expresso, os partidos de esquerda estão a pressionar o Governo porcausa dos despedimentos e cortes de salários previstos para a TAP.
No mesmo dia em que o PCP divulgou uma nota em que questiona o Governo sobre o “chamado plano de reestruturação” para a empresa, o Bloco de Esquerda pediu “com urgência” uma audição ao ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, no Parlamento.
Embora o PCP “reserve” uma posição mais definitiva para quando o Governo der a conhecer as medidas que está a planear aplicar à empresa, o partido de Jerónimo de Sousa diz desde já “recusar” a sujeição de qualquer plano a “instâncias internacionais”, porque “só se pode esperar uma intervenção que coloque a TAP à mercê de uma qualquer multinacional do setor da aviação civil”.
Os comunistas garantem que é preciso defender os postos de trabalho e os salários e garantir que a TAP consegue “estar altura” para assegurar a coesão territorial.
Já o Bloco de Esquerda decidiu chamar Pedro Nuno Santos à Assembleia da República para responder ao “enorme vazio” sobre “perguntas fundamentais” a propósito do futuro da empresa.
O partido liderado por Catarina Martins considera “incompreensível” que o plano ainda não seja conhecido e recusando “aceitar que estas decisões sejam tomadas sem o devido escrutínio público”.