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O Arecibo desabou. É o fim de uma era à procura de vida extraterrestre

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O radiotelescópio Arecibo, agora danificado, foi construído em 1963 numa cratera natural em Porto Rico

O Observatório de Arecibo, em Porto Rico, morreu. Três semanas depois de um dos principais cabos de sustentação da sua cúpula ter desabado, danificado irremediavelmente o radiotelescópio, o icónico caçador de vida extraterrestre antecipou-se à sua demolição e desabou.

O radiotelescópio tinha ficado gravemente danificado no mês de agosto, depois de um cabo de suporte se ter partido, caído e colidido com a enorme estrutura, deixando um enorme buraco com cerca de 30 metros na sua parábola.

Nos meses que se seguiram, engenheiros e técnicos do observatório iniciaram preparativos para uma complexa reparação, mas a rutura de um segundo cabo, em novembro, complicou a situação, deixando o observatório em risco de colapso.

Na altura deste segundo colapso, a Fundação Nacional da Ciência (NSF) anunciou que o emblemático Observatório de Arecibo iria ser ser desativado, uma vez que os danos sofridos nos últimos meses tornaram o processo de reparação demasiado perigoso.

No entanto, o Arecibo não esperou, e decidiu entregar a sua alma às estrelas que passou os últimos 57 anos a observar. Na noite desta segunda para terça-feira, a massiva estrutura de 900 toneladas colapsou, caindo sobre o seu gigantesco disco de 305 metros.

A notícia foi dada por Deborah Martorell, meteorologista da American Meteorological Society, no seu perfil no Twitter. “É com profundo pesar que comunico que  a grande plataforma do Observatório de Arecibo acaba de colapsar”, diz a meteorologista.

Embora os detalhes do colapso estejam ainda por determinar, a rutura dos dois cabos de suporte, em agosto e setembro, colocou sob pressão extra os restantes cabos, que, nas últimas semanas, começaram a esfiar-se.

“Os cabos que ainda resistiam estavam a perder em média um fio por dia”, explicou à revista Science o diretor da Florida Space Institute (FSI), Ramon Lugo. O Observatório, propriedade da National Science Foundation (NSF), era gerido pela FSI. De acordo com um tweet da NSF, o colapso não provocou feridos.

Entretanto, Deborah Martorell publicou no Twitter fotos do radiotelescópio captadas antes e depois do colapso. “Foi a última vez que vi esta beldade. Lamentavelmente, agonizava”, diz a meteorologista.

Construído em 1963, o Arecibo já foi o maior telescópio do mundo, com um disco refletor com um diâmetro de 305 metros, e manteve esse estatuto até ser ultrapassado em 2019 pelo Radiotelescópio Esférico de 500 Metros de Abertura (FAST), da China.

O Arecibo alcançou dezenas de marcos astronómicos, tendo observado e registado novos dados científicos de exoplanetas, asteroides, pulsares, emissões de rádio e moléculas em galáxias distantes. Era um dos principais instrumentos na busca por vida extraterrestre, através do projeto SETI, Search for Extraterrestrial Intelligence.

O radiotelescópio também era usado para seguir as órbitas de objetos potencialmente perigosos, o que nos torna agora parcialmente cegos para esses perigos.

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O Observatório de Arecibo, icónico caçador de extraterrestres, em 1974

Com quase 60 anos, idade avançada para um instrumento astronómico, o Arecibo esteve várias vezes em risco de fechar por falta de financiamento, acabando sempre por provar a utilidade e justificar mais tempo de vida. Mas essa idade acabaria por levar a melhor sobre os cabos de suporte, precipitando o fim do emblemático caçador de extraterrestres.

AJB, ZAP //

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3 Comments

  1. Notícia muito triste para a ciência. Possamos nós ter a mesma esperança que em 1963, quando este marco foi colocado na história da ciência e na imaginação da humanidade. A crise que vivemos agora é também uma crise de valores, de esperança. Haja novos arecibos, novos projetos, novos sonhos.

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