Para a política ser mais do que “andar em eleições uns contra os outros” , há um ingrediente essencial: a formação, considera Rui Rio.
Rui Rio, líder do PSD, defendeu que é “vital” uma maior aposta na formação pelos partidos para que a política seja mais do que andar “em eleições uns contra os outros”, vertente que considerou “apenas um mal necessário”.
Numa intervenção gravada em vídeo para a 4.ª Academia de Formação Política para Mulheres do PSD, que decorre este sábado, Rio voltou a recordar que, há quase trinta anos, num grupo de trabalho de reforma da lei do financiamento dos partidos, se bateu, sem sucesso, para que existissem verbas consignadas à formação política, que os partidos só receberiam se a fizessem.
“Se isso tivesse acontecido há 25 anos, um jovem que na altura tivesse feito muito mais formação, hoje teria 50 anos, tínhamos formado gerações de políticos, e hoje a forma como as pessoas entrariam para os partidos já tinha mais a ver com as suas ideias e menos com contar uns votos, arranjar umas fichas e umas quotas para ganhar isto e aquilo, que é uma lógica completamente perversa da atividade política e partidária”, disse.
O líder social-democrata afirmou que, por esta razão, procura dar sempre “um grande apoio” aos que apostam na formação política no quadro da vida partidária e reforçam a sua qualidade.
“Estar na política não é para andar aqui – em minha opinião, isso é apenas um mal necessário – em eleições uns contra os outros. É porque me interesso por um dado tema, quero saber mais sobre esse tema e quero dar um contributo ao país nesse tema, dentro do partido em que me sinto melhor”, defendeu, dizendo esperar que “um dia” o país perceba a importância da formação política.
Rio saudou em particular as MSD (Mulheres Social-Democratas, uma estrutura informal do partido presidida pela deputada Lina Lopes) pela quarta edição desta academia e reconheceu que continua a existir “um grande défice” de participação das mulheres na vida pública e na vida política.
“É importante reforçar essa participação e a melhor forma é reforçar de uma forma natural, que é o que estamos a fazer”, disse, admitindo, contudo, que em “algumas circunstâncias” tal pode ser feito através de uma imposição da lei, através de quotas obrigatórias, que vigoram para as listas de candidatos à Assembleia da República, Parlamento Europeu e órgãos eletivos locais.
A iniciativa foi organizada pelas MSD e pelo PSD em parceria com o Instituto Francisco Sá Carneiro e a Fundação Konrad Adenauer e, devido às restrições sanitárias impostas pela pandemia de covid-19, terá apenas um dia e a formação será feita num formato híbrido, com um número reduzido de participantes presenciais, e as restantes a assistir em plataformas online.
A formação contará, ao longo do dia, com intervenções de dirigentes do PSD como Joaquim Sarmento (presidente do Conselho Estratégico Nacional, CEN), o secretário-geral José Silvano ou o líder parlamentar Adão Silva, mas também com a do antigo deputado e atual membro do Conselho Consultivo do CEN José Pacheco Pereira, que falará sobre “A Importância da comunicação nos desafios da liderança política”.
ZAP // Lusa