O líder da oposição israelita, Yair Lapid, anunciou na segunda-feira que apresentará na próxima semana uma iniciativa para dissolver o Knesset (parlamento) e convocar eleições, num contexto de tensão na coligação governamental, noticiou a agência Lusa.
O anúncio de Lapid surge um dia depois do ministro da Defesa, Benny Gantz, parceiro de coligação do governo de Benjamin Netanyahu, anunciar a criação de uma comissão para investigar a alegada compra irregular de submarinos alemães, que envolve próximos do primeiro-ministro.
Numa reunião do seu partido, o Likud, o primeiro-ministro classificou de “cinismo” a abertura da investigação, considerando “vergonhoso que Gantz esteja a utilizar o exército como uma arma política”.
“A 02 de dezembro, na próxima quarta-feira, apresentaremos a votação uma iniciativa para dissolver o Knesset. Não vamos retirá-la no último minuto. Não vamos negociar, a lei será colocada a votação. É hora de eleições”, indicou Lapid através do Twitter.
O líder do partido Yesh Atid acusou o governo de ser “uma coleção de políticos que só se preocupam com eles próprios. Com os seus empregos. Com as suas lutas miseráveis”.
Lapid criticou o facto de “num momento de crise económica e sanitária” o governo estar submerso em confusão e ser “corrupto, mimado, incapaz de gerir seja o que for”, apelando para que 2 de dezembro seja um “momento de verdade” e se acabe com “o pior governo da história do Estado”.
Gantz e Netanyahu passaram de rivais a parceiros de governo em maio, mas as divergências não têm faltado e o orçamento ainda não foi aprovado por falta de acordo. A aliança entre ambos levou Lapid a abandonar a coligação centrista Azul e Branco, liderada por Gantz, e a passar para a bancada da oposição.
Num encontro com o seu partido, Gantz descartou esta segunda-feira apoiar a dissolução do parlamento. “Não tenho medo de eleições. Simplesmente não creio que sejam o que o país necessita neste momento e continuarei a fazer tudo o que possa por este governo”, disse ainda.
A abertura da investigação ao caso dos submarinos por parte do Ministério da Defesa surge depois de no mês passado ter sido bloqueada a criação de uma comissão no parlamento após uma desavença entre membros do governo.
A polícia israelita suspeita que responsáveis civis e militares tenham recebido subornos pela compra de submarinos ao grupo ThyssenKrupp, que ascendeu a cerca de dois mil milhões de dólares (1,6 mil milhões de euros). Entre os alegadamente envolvidos estão David Shimron, primo e advogado pessoal do primeiro-ministro israelita, e Yitzhak Moljo, negociador-chefe e enviado pessoal de Netanyahu na última década.
// Lusa