Quando chega a época de reprodução dos morcegos de rosto enrugado, os machos reúnem-se em grupos e cobrem a parte inferior da cara com abas de pele de pelo branco que fazem lembrar uma máscara.
Há muito que os cientistas suspeitavam que a pele sob o queixo destes morcegos – Centurio senex – tinha algo a ver com o ritual de cortejo das fêmeas. Agora, conta o site Live Science, cientistas conseguiram, pela primeira vez, documentar esse comportamento.
Em 2018, ao longo de seis semanas, a equipa de investigadores fez 13 visitas a uma floresta tropical em San Ramon, na Costa Rica. Todas as noites, entre as 18h00 e as 24h00, os morcegos reuniam-se no mesmo local, a cerca de três metros acima do solo.
Na maioria das vezes, os morcegos estavam “mascarados”, usando os seus “polegares” para puxar as “máscaras” para cima ou para baixo. Através destas, os animais cantavam “canções de namoro” compostas por sequências de ecolocalização, trinados e assobios, pontuadas por sequências de batidas de asas.
Segundo os cientistas, quando um macho atraia uma fêmea, baixava imediatamente a “máscara” para acasalar. No final, levantava-a novamente e voltava a cantar e a bater as asas com o resto do grupo de machos.
A equipa acrescenta que as fêmeas pareceram ser altamente seletivas na escolha dos seus parceiros: 79% das cópulas bem-sucedidas foram realizadas por apenas 6% dos machos.
Este comportamento, em que os machos se juntam e fazem exibições competitivas de cortejo, é conhecido como acasalamento lek e é mais comum entre pássaros. De acordo com o estudo publicado, a 11 de novembro, na revista científica PLOS One, é pouco documentado em mamíferos e quase nunca visto em morcegos.
Agora, estas observações levantam novas questões: porque é que estes animais usam “máscaras”; como é que a saúde dos machos é afetada pelos rigores de desempenho do grupo, como é que coordenam as canções e exibições e como é que as fêmeas escolhem entre os machos “mascarados” são alguns exemplos.
De acordo com os investigadores, é possível que a “máscara” envie um sinal visual às fêmeas de que o macho está pronto para acasalar, ou talvez prenda as secreções olfativas que são libertadas quando a máscara é baixada no momento da cópula.