A Federação Nacional dos Professores anunciou hoje que são mais de 500 as escolas com casos confirmados de covid-19 e considerou “irresponsável” que o Governo tenham mantido as atuais medidas nos estabelecimentos de ensino.
Em comunicado divulgado um dia após o Governo ter anunciado novas medidas restritivas para combater a pandemia, a Fenprof divulga a lista de escolas com casos confirmados, num total de 506 estabelecimentos de ensino, mas admite que o número poderá ser maior.
A Fenprof acusa o Governo de “tentar disfarçar o crescente aumento de casos de covid-19 nas escolas e insistiu na “necessidade de haver uma estratégia de informação e comunicação clara sobre o que se passa”.
A federação de professores considera também “irresponsável” e “inaceitável” que o Governo não tenha reforçado “as medidas de prevenção e segurança sanitária” nas escolas perante o atual quadro epidemiológico agravado.
“Para que as escolas continuem abertas sem se transformarem num dos principais fatores de transmissão da covid-19, é necessário que, nas salas de aula, seja garantido o distanciamento adequado a observar em espaços fechados e não, apenas, os centímetros possíveis que resultam das normas impostas pelo Ministério da Educação”, propõe a Fenprof na nota divulgada este domingo.
Defende também que sejam constituídos pequenos grupos, com a divisão das turmas, não sendo permitida a constituição de grupos com alunos de diferentes turmas, quer em determinadas disciplinas, quer em atividades de ocupação de tempos livres, e que sejam contratados mais assistentes operacionais, uma vez que são necessários para assegurar os níveis indispensáveis de limpeza, desinfeção e segurança.
A Fenprof considera igualmente que deve ser reforçado o uso de equipamentos de proteção individual, a realização de testes de diagnóstico perante a existência de casos de infeção e a divulgação de um mapa com as escolas onde existem casos ativos de covid-19.
“Se não forem tomadas estas e outras medidas de segurança sanitária, provavelmente as escolas irão transformar-se num dos principais fatores de propagação da covid-19 na comunidade, apesar das normas restritivas que a esta estão a ser impostas”, sustenta.
No sábado, o primeiro-ministro enalteceu o trabalho da comunidade educativa na abertura do ano letivo, defendendo que “seria, no mínimo, uma grande falta de respeito” que a sociedade não se empenhasse para evitar um novo confinamento devido à pandemia.
“Temos de garantir a liberdade das nossas crianças e dos nossos jovens não terem de novo o seu ano letivo perturbado e poderem manter a sua atividade escolar normal”, afirmou António Costa, numa conferência de imprensa após uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros para decretar novas medidas restritivas para controlar o aumento de casos de covid-19 em Portugal.
Após anunciar o confinamento parcial em concelhos com mais de 240 casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias, medida que abrange 121 municípios do território continental nacional, o primeiro-ministro disse que “há aqui duas linhas vermelhas muito claras”, referindo-se à educação e ao trabalho.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,1 milhões de mortos e mais de 45,6 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 2.507 pessoas dos 141.279 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
// Lusa
Oh Costa ! Costaaa!!! Olha as tuas “faltas de respeito” todas a seguir umas às outras. E sem fechar as escolas…
A Fenprof tem toda a razão e, embora saiba, por experiência direta e quotidiana, a frustração que representa, para alunos, pais e professores, fechar uma escola, não podemos ignorar que, dentro da sala de aula, na maioria dos estabelecimentos, os alunos estão a escassos 40 ou 50 cm uns dos outros, que nas entradas, nas saídas e nos intervalos é tudo à molhada, que os alunos, terminadas as suas atividades, deveriam regressar a casa o mais rapidamente possível, observando confinamento voluntário, mas, em vez disso, ficam na escola em grupos, umas vezes ostensivamente, outras escondidos onde calha, e que por mais que os aconselhem e intimem, fazem pouco caso e, quando se sentem demasiado acossados, pura e simplesmente vão para o exterior dos estabelecimentos, nomeadamente para pequenos cafés que os têm como clientela principal. Uma pequena investigação permite constatar que muitos estão infetados ou têm familiares diretos e amigos infetados e que os diretores, sabendo disso, escondem a informação – diz-se que a mando da tutela – contribuindo para que mais e mais pessoas fiquem infetadas. Por isso, Sr. Primeiro Ministro, será apenas uma questão de tempo até ter de decretar o confinamento total, quando o número de infeções duplicar ou triplicar os atuais. Eu, se estivesse no seu lugar, decretava já o meses de Novembro e Dezembro, porque embora seja terrível sempre ficaria mais barato e aliviaria um pouco o SNS, que cada vez consome mais recursos, do que deixar andar o barco com as medidas inócuas e, até um bocado tolas, porque não terão repercussão alguma no recuo acentuado da pandemia, que é o que todos pretendemos. Perdoe-me o “tolas” mas não encontro outra palavra com a mesma carga semântica e, sinceramente, quero estar do lado da solução e farto-me, todos os dias, de ralhar (no sentido pedagógico) com os nossos jovens, sobretudo com os do 8º ano para a frente.
Não percebo, com o agravamento da situação, porquê ainda não é obrigatório a utilização de máscaras no primeiro ciclo…