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Angelica não pode votar, mas usa a sua voz para garantir que outros o fazem

Alba Vigaray / EPA

As Presidenciais nos Estados Unidos, que opõem o republicano Donald Trump e o democrata Joe Biden, estão aí à porta. Enquanto o dia 3 de novembro não chega, muitos imigrantes estão a fazer de tudo para garantir que quem pode votar cumpre o seu dever.

“Estou muito ocupado para votar” e “Acho que o meu voto não vai contar para nada” foram algumas das respostas ouvidas por Angelica Guzman enquanto fazia chamadas telefónicas sobre as eleições Presidenciais dos Estados Unidos.

Mas agora, esta jovem, de 29 anos, residente em Salt Lake City, no Utah, tem a resposta na ponta da língua: “Eu não posso votar. Por isso, o seu voto conta para mim“.

Tal como explica a cadeia televisiva CNN, esta é uma dos muitos jovens imigrantes indocumentados que está a fazer de tudo para garantir que os eleitores votam na próxima terça-feira, dia 3 de novembro.

Algumas destas pessoas, como Guzman, não podem ser deportadas graças ao DACA (Deferred Action for Childhood Arrivals). Mas outras já não se qualificam para este tipo de proteção porque a Administração Trump, que tentou encerrar o programa, não está a aceitar novas candidaturas. Por isso, embora não possam votar, todas sentem que têm muito em jogo.

Numa eleição em que um em cada dez eleitores é imigrante, e onde o eleitorado latino poderá desempenhar um papel decisivo em estados importantes, há quem veja uma janela de oportunidade para alcançar as mudanças que deseja ver não só em Washington, mas em todo o país.

“É muito importante para mim estar nesta luta. Nós, imigrantes, entendemos melhor do que ninguém o que está em jogo“, afirma Guzman à estação norte-americana.

Segundo a CNN, que cita uma pesquisa recente, mais de 94% dos beneficiários do DACA disseram que planeavam “usar a sua voz para encorajar familiares ou amigos que estão elegíveis para votar para fazê-lo”. E quase metade disse que pretendia tornar-se mais politicamente ativo.

“Alguma coisa está a acontecer nestas eleições em particular que está a levar pessoas, que não eram necessariamente mais ligadas à política, a ver o 3 de novembro como um momento importante para não ficar de fora“, explica Tom Wong, professor associado de Ciência Política da Universidade da Califórnia, em San Diego, e co-autor desta pesquisa.

À CNN, Guzman explica que as ações desta Administração falaram “alto e bom som”, e os seus esforços para reprimir a imigração inspiraram esta comunidade a envolver-se mais do que nunca no ativismo político. “Isto apenas mostra a urgência da situação”, atira.

No início desta semana, mais de 70 milhões de norte-americanos já tinham votado antecipadamente, o que já ultrapassou o total de votos antecipados registados na eleição de 2016, que levou o atual Presidente à Casa Branca.

ZAP //

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