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Este misterioso “pavão estelar exótico” está condenado a explodir

(dr) European Southern Observatory

Imagem infravermelha do binário Wolf-Rayet, apelidado de Apep

O sistema binário Wolf-Rayet, composto por estrelas quentes em risco de colapso que perdem massa devido a ventos estelares intensos, é um verdadeiro mistério estelar.

A expansão da espiral de poeira, que “parece ter vontade própria”, impressionou os cientistas da Universidade de Sydney, na Austrália. “A poeira flutua muito mais devagar do que os ventos estelares extremos que deveriam carregá-la”, explicou Yinuo Han, citado pelo EurekAlert.

Os astrónomos depararam-se com este enigma quando o sistema binário foi descoberto, há dois anos, por uma equipa liderada por Peter Tuthill, da mesma universidade australiana. Este sistema estelar, a 8.000 anos-luz da Terra, foi batizado de Apep em homenagem ao Deus egípcio do caos.

Agora, o novo artigo científico, publicado no dia 12 de outubro na Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, confirma as descobertas de há dois anos e revela a estranha física de Apep em detalhes sem precedentes.

A equipa produziu um modelo que corresponde à intrincada estrutura espiral do sistema binário, aumentando a capacidade dos cientistas de entender a natureza extrema destas estrelas. “Este modelo relativamente simples pode reproduzir a geometria da espiral neste nível de detalhe e isso é simplesmente lindo”, comentou Tuthill.

Nesta investigação, os cientistas confirmaram que a espiral de poeira está a expandir-se quatro vezes mais devagar do que os ventos estelares medidos, algo nunca visto noutros sistemas. Este estranho comportamento torna Apep num forte candidato a produzir uma explosão de raios gama quando explodir como uma supernova, algo nunca antes visto na Via Láctea.

As estrelas Wolf-Rayet são verdadeiras “bombas-relógio“, apelidadas pelos cientistas de “pavões do mundo estelar”. “Além de exibir um comportamento extremo, a estrela principal de Apep parece estar a girar muito rápido, o que significa que pode ter todos os ingredientes para detonar uma longa explosão de raios gama quando se transformar em supernova.”

As velocidades dos ventos estelares produzidos também surpreendem os cientistas, já que sopam a cerca de 12 milhões de quilómetros por hora – ou seja, 1% da velocidade da luz. No entanto, a poeira produzida por este sistema expande-se muito mais lentamente, cerca de um quarto da velocidade do vento estelar.

ZAP //

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