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Uma competição de ciclismo estático está a pôr os idosos de todo o mundo a pedalar

Depois de uma vida repleta de trabalho, estar hospedado num lar de idosos pode ser muito divertido. Através do uso de bicicletas estáticas e imagens em tempo real, os idosos podem competir entre si, viajando por lugares em todo o mundo.

Estas autênticas maratonas, premeiam os vencedores com medalhas, e nem é preciso sair do lugar. Joy Small e Cathrine Myhr não se conhecem, e vivem em casas de repouso a cerca de 1600 quilómetros de distância, mas isso não é impedimento para entrarem na competição, conta o The Guardian.

Small, já conta com 92 anos, mas garante que através do local onde está – o seu lar que se situa em Newbury (em Inglaterra) – vai ganhar “a medalha de campeã mundial feminina”. Myhr, de 56 anos, está a competir pela medalha num lar de idosos em Oslo para idosos, e explica que todos os dias “das 8h às 15h30″ luta pela vitória, muitas das vezes a norueguesa nem sai do lugar para comer fazendo as refeições a pedalar.

As desportistas estão a participar numa competição de ciclismo estático global que inspirou milhares de idosos a pedalar o equivalente a centenas de milhares de quilómetros sem sair das suas casas de repouso. A competição Road Worlds for Seniors, que já está no seu terceiro ano consecutivo tem como objetivo reduzir a imobilidade das pessoas idosas que se encontram em lares.

A imobilidade é um problema grave que afeta muitos residentes de lares. Em apenas uma semana, idosos que se encontram imóveis podem perder entre 10% e 12% da sua massa muscular, e reduzir o seu volume circulatório – o que pode fazer com que os órgãos internos reduzam a sua atividade até cerca de 25%.

Jon Ingar Kjenes, fundador da Motitech – uma startup norueguesa criada em 2013 – abandonou o seu emprego como produtor comercial de televisão, e colocou bicicletas em lares de idosos de todo o mundo. A Motitech está agora estabelecida nos países nórdicos, Austrália, Canadá, Malásia, Hong Kong, Reino Unido, e em países da Europa.

Kjenes começou a competição em 2017, e assumiu que “muitas vezes considera-se que os idosos precisam de cuidados a longo prazo, mas as pessoas com limitações também têm capacidades”.

O fundador da Motitech garante que “a competição do Road Worlds já era um grande sucesso na Noruega, por isso pensamos que poderia ser eficaz tornar os idosos atletas, sendo que os funcionários deveriam ser a equipa que os trata como atletas, com muita atenção à dieta, saúde e medicamentos”.

Georgina Cliff, instrutora de fitness no lar de idosos Belong em Newcastle, mostra-se entusiasmada com o projeto: “Adoro interagir com os idosos quando estão nas bicicletas”, acrescentando que “os idosos com problemas neurológicos ficam mesmo a achar que tiveram um passeio. Isso desbloqueia o cérebro, e ajuda a recuperar memórias antigas”.

Na casa de repouso Västängsgården, na Suécia, a diretora de atividades Ida Nilsson realiza eventos inteiros nas viagens da idosa Mai Grundel, o que faz com que a idosa se sinta mais ativa. “Na semana passada a Mai percorreu a Noruega a pedalar. Durante o percurso paramos para comer waffles e queijo”, conta de forma divertida.

Apesar das bicicletas estáticas normalmente presentes em ginásios apresentarem uma tecnologia muito semelhante a estas, David Cochrane, CEO da casa de saúde Harbison na Austrália, explica que as duas bicicletas são muito diferentes, pois as pessoas mais velhas nunca estiveram habituadas a ginásios. Agora estas bicicletas permitem que viajem, e consegue tornar os seus dias mais preenchidos com os passeios.

Cochrane diz ainda que “há muitos anos que os idosos não praticavam exercício porque se recusavam a frequentar o ginásio das instalações”. Contrariamente, agora as novas bicicletas “estão sempre ocupadas”.

ZAP //

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