Astrónomos detetaram, pela primeira vez, que as supernovas – estrelas que resultam da morte de uma estrela maior – produzem poeira cósmica, num processo que continua muito depois da sua explosão, informou esta quarta-feira o Observatório Europeu do Sul (OES).
A observação da formação de poeira cósmica, em tempo real, foi feita a partir do telescópio VLT do Observatório, localizado a norte do Chile, tendo uma equipa de astrónomos analisado a luz emitida pela supernova SN 2010jl, à medida que desaparecia.
A supernova em causa, “invulgarmente brilhante” e observada pela primeira vez em 2010, explodiu na pequena galáxia UGC 5189A.
A poeira cósmica é constituída por “grãos de silicatos e carbono amorfo – minerais que são também abundantes na Terra”, segundo uma nota divulgada pelo OES, organização da qual Portugal faz parte.
A equipa de peritos descobriu que “a formação de poeira começa pouco depois da explosão” da supernova e “prolonga-se durante um longo período de tempo“.
Os resultados das observações “indicam que, numa segunda fase – depois de várias centenas de dias -, ocorre um processo acelerado de formação da poeira que envolve material ejetado pela supernova”, adianta o OES.
No seu estudo, cujas conclusões são publicadas hoje na edição digital da revista Nature, os astrónomos usaram o espectrógrafo X-shooter para observar a SN 2010jl “nove vezes nos meses que se seguiram à sua explosão e uma décima vez dois anos e meio depois da sua explosão”, tanto nos comprimentos de onda do visível como no infravermelho.
“Combinando dados dos nove anteriores conjuntos de observações, pudemos fazer as primeiras medições diretas de como a poeira em torno da supernova absorve as diferentes cores da luz”, disse o autor principal do estudo, Christa Gall, da Universidade de Aarhus, na Dinamarca.
De acordo com o Observatório Europeu do Sul, as novas medições revelaram ainda que os grãos de poeira formados após a explosão da supernova SN 2010jl – com a morte de uma estrela com pelo menos oito vezes a massa do Sol – são grandes.
A equipa de astrónomos verificou que os grãos que têm um diâmetro maior que um milésimo de milímetro “formaram-se rapidamente no material denso que rodeia a estrela”. Apesar de ainda minúsculos, os grãos de poeira cósmica são considerados grandes, o que os torna “mais resistentes a processos destrutivos”.
O Observatório Europeu do Sul adianta que, se a produção de poeira da SN 2010jl continuar, “25 anos depois da supernova explodir, a massa total de poeira será cerca de metade da massa do Sol”.
/Lusa