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Boris endurece discurso e admite que novas medidas podem prolongar-se por seis meses

Jessica Taylor / (h) UK Parliament

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, avisou esta quarta-feira que um pacote de medidas mais apertadas para combater a pandemia do novo coronavírus (covid-19), incluindo o encerramento de bares e restaurantes às 22:00, pode ficar em vigor durante pelo menos seis meses.

“Não vamos poupar esforços em desenvolver vacinas, tratamentos, novas formas de testagem em massa. Mas a não ser que façamos progressos visíveis, assumimos que as restrições que anunciei vão ficar em vigor durante pelo menos seis meses”, disse Boris Johnson, durante uma declaração no parlamento britânico.

Boris Johnson confirmou que, a partir de quinta-feira, ‘pubs’, bares, restaurantes e outros espaços de lazer em Inglaterra são obrigados a fechar às 22:00, o atendimento só pode ser feito à mesa e os empregados vão ter de usar máscara.

O Governo passou também a recomendar que as pessoas trabalhem a partir de casa se puderem e suspendeu o regresso de público a grandes eventos desportivos, previsto para outubro, entre outras medidas.

Boris Johnson enfatizou que este não é um novo confinamento nacional como aquele decretado em março, mas ameaçou com mais restrições e maiores se o índice de transmissibilidade efetivo (Rt) não recuar para menos de 1.

Johnson deixou ainda um apelo a todos os britânicos pedindo “disciplina e determinação” para que se evite um novo confinamento geral. “Nunca o futuro dependeu tanto do comportamento individual”, disse o líder do Governo britânico, citado pelo Expresso, referindo-se ainda a “escolhas difíceis” mas “necessárias”.

O primeiro-ministro também prometeu maior consulta do parlamento e transparência na publicação de informação após críticas de membros do próprio partido Conservador, que manifestaram reservas sobre a imposição de mais restrições devido ao impacto na economia. “Estamos a tomar passos decisivos para equilibrar o salvar vidas com a proteção de empregos e meios de sustento”, vincou.

Partido Trabalhista apoia medidas

O Partido Trabalhista apoiou as medidas, mas reiterou a necessidade de empresas e trabalhadores receberem apoio, e defendeu o prolongamento do regime de layoff, que está previsto cessar em outubro. Boris Johnson disse ter discutido na segunda-feira e esta manhã com as autoridades da Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte, que têm autonomia para determinar as próprias regras.

A chefe do governo escocês, Nicola Sturgeon, disse que iria anunciar novas medidas cerca das 14:00 no parlamento regional e fazer uma declaração pública por televisão às 20:05, pouco depois de Boris Johnson também fazer uma comunicação ao país.

O Executivo do País de Gales anunciou um confinamento local nas regiões de Bridgend, Merthyr Tydfil, Newport e Blaenau Gwent a partir das 18:00 e o Executivo da Irlanda do Norte determinou que a partir de hoje é proibido o encontro entre agregados familiares diferentes em espaços fechados.

O anúncio desta quarta-feira segue-se a uma aceleração do número de casos de infeção nas últimas semanas, o que os assessores científicos do governo receiam que resulte numa sobrecarga dos serviços de saúde públicos e um aumento da mortalidade direta e indireta.

O Centro de Biossegurança Comum, que inclui os diretores gerais de saúde de Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte, determinou a subida do alerta para o nível 4, que indica que o novo coronavírus está em circulação na população e o contágio é alto ou está a aumentar exponencialmente.

O governo britânico registou oficialmente 41.788 mortes no Reino Unido, mas, segundo estatísticas oficiais, o número real incluindo casos suspeitos, cuja certidão de óbito faz referência a covid-19, é superior a 57 mil.

A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 965.760 mortos e mais de 31,3 milhões de casos de infeção em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP. Em Portugal, morreram 1.920 pessoas dos 69.200 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

ZAP // Lusa

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