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Carpinteiros usam técnica medieval na reconstrução de Notre Dame

Yoan Valat / EPA

A reconstrução de Notre Dame – que se prevê estar concluída no prazo de cinco anos – continua a avançar e os carpinteiros usaram técnicas medievais para erguer uma estrutura na fachada do monumento.

A Catedral de Notre Dame, em Paris, é um dos monumentos mais emblemáticos da cidade francesa e foi destruída por um incêndio que ocorreu no dia 15 de abril de 2019.

Este sábado, uma equipa de carpinteiros usou técnicas medievais para erguer – à mão – uma treliça de carvalho de três toneladas na fachada da catedral, réplica das estruturas de madeira consumidas pelo fogo.

Esta demonstração marcou os Dias da Herança Europeia – que se celebraram a 19 e 20 deste mês em França e nos dias 25, 26 e 27 em Portugal -, com centenas de pessoas a assistir ao uso destas técnicas ancestrais, usadas há 800 anos, para construir a moldura triangular da fachada de Notre Dame.

“É um momento para ver, são técnicas ancestrais que perduram. Temos o presente e o passado, que nos liga às nossas raízes“, disse Romain Greif, arquiteto que foi ver o evento com a família.

Segundo o coordenador da construção da catedral, Jean-Louis Georgelin, a demonstração de técnicas medievais veio provar que a decisão de reconstruir o monumento como ele era originalmente foi acertada.

“Mostra, em primeiro lugar, que tomámos a decisão certa ao escolher reconstruir a carpintaria de forma idêntica, em carvalho francês“, afirmou Georgelin, citado pelo ABC. “E em segundo, mostra-nos o método que vamos usar para reconstruir a estrutura, viga após viga”, acrescentou.

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Logo após a tragédia, o Presidente francês admitiu a possibilidade de um “gesto arquitetónico contemporâneo” para reconstruir a catedral de 850 anos e o debate acerca do seu futuro design apenas chegou ao fim este ano.

Emmanuel Macron, que planeava equipar Notre-Dame com uma nova flecha [pináculo] contemporânea após o incêndio, anunciou em julho que tem agora “a convicção” de que a catedral e o pináculo devem ser restaurados da mesma forma.

“Vamos reconstruir a Notre Dame em cinco anos, prometo. Vamos fazer tudo para cumprir o prazo. A obra está parada neste momento de crise sanitária, mas vai ser possível”, afirmou o Presidente francês, referindo-se à pausa na reconstrução devido à pandemia do novo coronavírus.

O chefe de Estado francês planeia uma reconstrução em cinco anos, com reabertura em 2024, mesmo a tempo dos Jogos Olímpicos em Paris. Prazo que é considerado irrealista por vários especialistas.

Philippe Gourmain, que trabalha na reconstrução da igreja, disse que a fase de carpintaria não estará pronta antes de 2022, referindo-se também ao total de 25 treliças que ainda terão de ser instaladas na fachada.

De acordo com Gourmain, algumas pedras, que suportam a carpintaria, ficaram estragadas pelo incêndio e, agora, não é fácil encontrar material semelhante. “O problema de Notre Dame não é a carpintaria. Nós temos a madeira. O grande problema está relacionado com a pedra”, disse.

A estrutura montada no fim-de-semana é uma réplica da treliça número 7, mais avançada do que as primeiras seis, que eram mais “primitivas”, explicou Florian Carpentier, gerente da equipa dos Carpinteiros Sem Fronteiras, grupo que cortou as árvores e as toras para a estrutura de madeira.

Num toque final, assim que a treliça número 7 foi erguida, um carpinteiro ergueu as vigas de madeira para amarrar um ramo de carvalho ao topo da estrutura, um símbolo de prosperidade e uma saudação aos trabalhadores – tradição honrada em vários países europeus.

ZAP //

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