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Morreram hoje 4 pessoas com covid-19. Doenças cardíacas matam 100 todos os dias

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Unknow / Wikimedia

A Fundação Portuguesa de Cardiologia alerta que há pessoas com medo de sair de casa até para ir ao médico, o que está a agravar algumas doenças graves, com consequências trágicas. Um problema sério quando “as doenças cardiovasculares matam 100 pessoas por dia em Portugal”.

Este aviso é lançado pelo presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia (FPC), Manuel Carrageta, em entrevista à TSF.

“Todos os dias há notícias sobre os mortos causados pela covid-19, mas alguém sabe quantos portugueses morrem diariamente com doenças cardiológicas? São cerca de cem pessoas por dia”, sustenta Manuel Carrageta.

De acordo com o Instituto Nacional de Estatísticas (INE), houve mais 6 mil mortos, em Portugal, neste ano, do que em 2019, sendo que apenas menos de um terço, ou seja, à roda de 1800, tiveram como causa directa a covid-19, como realça a FPC.

A Direcção Geral de Saúde (DGS) anunciou mais 4 mortes devido à covid-19 nas últimas 24 horas.

Dados que Manuel Carrageta destaca para frisar que “as pessoas estão a morrer mais com outras doenças do que pela covid-19”, considerando que “deixaram de dar atenção à sua saúde em geral”.

O presidente da FPC também nota que os problemas cardiovasculares são um factor de risco acrescido numa infecção por covid-19.

Mas depois do “sucesso dos tratamentos cardiovasculares” verificado nos últimos anos, está-se “a recuar devido a este problema da covid-19 que se compreende com o medo de ir ao médico e com o domínio completo da comunicação nos media“, lamenta.

“Se as pessoas não vão ao médico e estão preocupadas apenas com a covid-19 tendem a negligenciar as doenças cardiovasculares que não sendo tão assustadoras são muito mais dominantes”, alerta ainda, frisando que problemas associados à hipertensão e ao colesterol são a principal causa de morte em Portugal.

Manuel Carrageta nota que “houve uma redução enorme nas idas às consultas e urgências” e realça que os hospitais continuam a cortar nas consultas de cardiologia porque estão a desviar recursos para o combate à covid-19.

Assim, os doentes estão a chegar cada vez mais tarde ao médico e em fases mais graves da doença, o que dificulta a eficácia do tratamento.

“Maior fragilidade do SNS são os doentes não-covid”

Também o presidente da Associação de Administradores Hospitalares, Alexandre Lourenço, diz que “a maior fragilidade” do Serviço Nacional de Saúde (SNS), neste momento, “são os doentes não-covid, que continuam a ter muitas necessidades que não estão a ser satisfeitas”.

Em entrevista à Rádio Renascença no âmbito dos 41 anos do SNS, Alexandre Lourenço destaca que houve “mais de quatro milhões de consultas presenciais que não foram realizadas, mais de dois milhões de contactos e de consultas de enfermagem, mais de um milhão de consultas hospitalares, mais de 100 mil cirurgias” que ficaram por fazer.

Este enorme “volume de cuidados que não foram prestados” terá, inevitavelmente, “impacto na saúde dos portugueses”, analisa este responsável.

Alexandre Lourenço acredita que este momento deve servir para “repensar o SNS numa lógica mais integrada, não só da prestação de cuidados de cada hospital per si, de cada centro de saúde per si, mas numa lógica de maior integração com a comunidade, com o sector social, com as autarquias, com as forças de segurança”.

“Para o futuro, não só para enfrentar a covid-19, é necessário realmente repensar o SNS para mais 40 anos”, analisa ainda Alexandre Lourenço.

ZAP //

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9 Comments

  1. Compreende-se a essência do artigo.. mas não o suavizar por colateralidade do problema covid19. Veja-se que técnicamente… o covid19 não é uma doença respiratória mas sim uma doença cardiovascular com ramificações ao sistema nervoso. De acordo com as inumeras autopsias e artigos médicos.. o efeito destrutivo no endotélio (e não so) é mais que evidente…

    … se morrem 100 pessoas pessoas por dia devido a origens cardiovasculares, caso o SARS COV 2 não seja controlado.. muitas mais irão morrer pelo mesmo motivo mas com origem na infecçãoo covid19…

    … o covid19 é um problema muito sério e não pode ser suavizado!

      • Carissimo… o “4” é relativo pois muitos já morrem de doenças cardiovasculares estando o covid19 a sua origem. Se não devidamente abordado, potencialmente esse 4 tornar-se muito rapidamente num 40.. e depois num 400.. e a medio prazo bem mais que isso (muito mais). Desengane-se se pensa que apanha a doença e fica imune depois! Isso sao histórias da carochinha!! O covid não representa apenas um problema do momento, ele causa problemas de saude severamente significativos a longo prazo! Não morre de covid… morre daquilo que o covid lhe fez.. de uma doença cardiovascular talvez.. mas não covid.. não nao… covid nao!

        Bem certo que os problemas já existentes têm de ser tratados pois eles continuam cá, mas se não é garantida segurança para resolver esses “problemas” como pode dizer que o covid é menos grave que as outras doenças uma vez que é ele (covid) que impede os utentes de irem às consultas? E não são preocupações infundadas… o risco é real! Se não for controlado é bem mais grave e potencialmente destruidor de toda uma geração trazendo novas complicações a nível de saúde! Por cá ainda dizem que 10 dias é suficiente para quarentena.. e que apartir daí não ha problemas em contagio. Caros.. a média real é de quase 50 dias em pleno contágio após infeçao e há casos bem documentados que a infeção foi contagiosa para alem dos 90 dias. Há segurança nos hospitais?! Claro que não! É apenas uma segurança relativa! Mas poderia haver um risco bem mais reduzido se a massa política investisse na saúde e (por exemplo) abordasse a descontaminação na gama dos 222nm (FAR-UVC)… mas que eu saiba, não parece muito interessada em o fazer! Desconhecimento..? Não sei… mas não me parece!

        Estamos só no inicio.. e já é o que é (literalmente o inicio)! O potencial do COVID19 é horrivel… enquanto que as outras doenças (embora igualmente más) não têm esse potencial.

        Pensa também que isto é só uma “constipaçãozinha”? Apanha e depois passa? Não é bem assim…

    • A “conclusão final” do ChaosAD, é mais que LÓGICA !…….Infelizmente alguns tendem a minimizar o risco Covid, até se encontrarem talvez un Dia numa cama de Hospital a padecer.

  2. Ora mt bem então porque razão não estão os Centros de Saude a funcionar em pleno? Tenta-se ligar p/ lá p/ falar pelo menos c/ o medico de família e Não se consegue, se vamos lá pessoalmente chamam-nos a atenção!! É que nem os funcionários de atendimento ao publico estão em pleno funcionamento… Afinal são Centros de Saude ou o que são?? Se é ligado á Saude TEM FORÇOSAMENTE de Funcionar Tudo e Todos a 100%.

  3. Morrem 100 por dia, só cardíacos, mas isto não é pandemia. Morrem, mais 13 por dia em média de diabetes, isto não é pandemia. Morrem mais 100 ou 200 por problemas oncológicos, mais ..?.. infectados nos hospitais, mais de ….—? com problemas de pulmões, etc…. etc…. Tudo isto, porque tem que se acudir, a meia dúzia por dia, que sempre iriam morrer com Covd. ou sem covid. Averão ainda de dar razão ao Trump e Bolsonaro, e agora tudo parece, também a Suécia. E a Itália? Deixou de haver Covides-?

  4. Esta notícia vem reforçar o que se diz há 6 meses, a pandemia do medo mata mais que o próprio vírus, e a prova está aqui em alguns comentários.

  5. Por essa lógica não há solução.
    Vamos todos tarde ou cedo ter covid.
    Uns já e não sabem outros mais tarde ou cedo. Daqui 1 mês 2 meses 1 ano.

    A vacina tbm nunca será 100% eficaz.

    Sei . Eu nem saia mais à rua.
    Andar de carro ? Tarde ou cedo…
    Comer ? Beber … respirar

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