A União Europeia ameaçou que fará “uso pleno dos seus próprios direitos de sanção” se os Estados Unidos não “levantarem imediatamente” as “tarifas injustificadas” a produtos europeus.
A Comissão Europeia ameaçou, esta sexta-feira, que a União Europeia (UE) fará “uso pleno dos seus próprios direitos de sanção” se os Estados Unidos não “levantarem imediatamente” as “tarifas injustificadas” a produtos europeus, nomeadamente em altura de crise.
“As tarifas injustificadas sobre os produtos europeus não são aceitáveis e (…) insistimos que os Estados Unidos devem levantá-las imediatamente”, sublinhou o comissário europeu do Comércio, Phil Hogan.
Numa alusão à disputa comercial entre Washington e Bruxelas criada por ajudas públicas à aviação norte-americana (Boeing) e europeia (Airbus), o responsável assinala que “a UE fez propostas específicas para alcançar um resultado negociado relativamente às disputas transatlânticas a longo prazo sobre (apoios) às aeronaves civis”, continuando ainda “aberta a trabalhar com os Estados Unidos para acordar um resultado justo e equilibrado, bem como sobre disciplinas futuras para subsídios no setor aeronáutico”.
E ameaça: “Na ausência de um acordo, a UE estará pronta a fazer uso pleno dos seus próprios direitos de sanção”.
Em outubro passado, a Organização Mundial do Comércio (OMC) decidiu a favor dos Estados Unidos e autorizou o país a aplicar tarifas adicionais de 7,5 mil milhões de dólares (quase sete mil milhões de euros) a produtos europeus, em retaliação pelas ajudas da UE à fabricante francesa de aeronaves, a Airbus. Esta foi a sanção mais pesada alguma vez imposta por aquela organização.
Com esta permissão, estão em causa taxas aduaneiras de 10% na aeronáutica e de 25% na agricultura na UE. O que Bruxelas ameaça agora fazer é adotar medidas semelhantes quando tiver “luz verde’ da OMC, já que Washington também foi considerado culpado por apoiar a Boeing, uma decisão que deverá ser conhecida nas próximas semanas.
“A OMC emitirá em breve a sua decisão de arbitragem no caso paralelo da UE contra os Estados Unidos sobre determinados subsídios ilegais à Boeing”, recorda Phil Hogan nesta declaração hoje publicada.
No documento, a UE dá também conta de que os governos de França e Espanha concordaram em alterar os moldes do financiamento público à Airbus para desenvolvimento do avião A350, visando assim cumprir as regras da OMC nestes subsídios à fabricante.
Para Bruxelas, “isto elimina qualquer fundamento para os Estados Unidos manterem as suas contramedidas sobre as exportações da UE e constitui um forte argumento a favor de uma rápida resolução do litígio a longo prazo”.
O comércio transatlântico de bens e serviços entre a UE e os Estados Unidos equivale a mais de três mil milhões de dólares por dia (quase o mesmo em euros).
ZAP // Lusa
“à fabricante francesa de aeronaves, a Airbus.”
A Airbus não é (só) francesa… é, basicamente, europeia.