Eventual “discriminação” na retoma de voos do Reino Unido “não faz sentido”, afirma Governo

Rodrigo Antunes / Lusa

O ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira

Governo defende que o Reino Unido não pode ter em conta apenas o aumento diário dos casos de contágio, mas também outros indicadores, como o nível de contágio na população e o nível de óbitos.

O ministro da Economia disse esta segunda-feira que “não faz sentido uma discriminação” de Portugal na retoma de voos do Reino Unido com base no aumento de casos de Covid-19 na região de Lisboa.

“Continuamos em discussões com as autoridades britânicas no sentido de explicarmos que Portugal, no seu conjunto todo e uma parte dos destinos dentro do país, como o Algarve e o norte do país, são destinos seguros e, portanto, não faz sentido termos uma discriminação nestes termos”, disse aos jornalistas o ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, à margem da conferência “Sinais Vitais – Aceleração Rumo ao Futuro”, no ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa.

Em causa está uma lista que o Governo britânico divulga esta segunda-feira, com os países que serão incluídos nos primeiros “corredores aéreos” com o Reino Unido a partir do início de julho, havendo ainda dúvidas quanto à inclusão de Portugal.

O Governo britânico está a avaliar a criação de “corredores de viagem” com uma série de destinos para que os britânicos possam ir de férias sem precisar de cumprir a quarentena de 14 dias no seu regresso ao Reino Unido atualmente em vigor.

“Portugal continuou hoje a ter uma taxa de letalidade muito inferior à do Reino Unido, continuamos a ter uma grande resposta dos nossos serviços de saúde, nós começámos a desconfinar muito antes do Reino Unido e de outros países, já levamos quase dois meses de desconfinamento, sem que o nível de crescimento dos internamentos ou das unidades de cuidados de saúde se tenha alterado”, defendeu o governante.

Para Pedro Siza Vieira, não se pode apenas olhar para o aumento diário dos casos de contágio, “que é o critério que muitos países europeus tiveram conveniência em adotar”, mas devem ser consideradas também outros indicadores, como o nível de contágio na população, o nível de óbitos, o nível de internamentos e a capacidade de resposta dos serviços de saúde.

“Nesse aspeto, Portugal compara muito bem e, sobretudo nas regiões como o Algarve, como o norte, não tem sentido serem discriminadas relativamente a outros destinos dentro da Europa, que têm níveis de incidência que já são maiores”, sublinhou.

O ministro da Economia referiu, ainda, que, “felizmente” há outros mercados importantes para Portugal, designadamente o alemão, com “um outro tipo de abordagem e de aproximação a este problema”.

De acordo com a edição de quinta-feira do Daily Telegraph, o Governo britânico está a delinear um plano com três etapas, a primeira das quais prevê acordos com destinos de férias populares na Europa, incluindo França, Itália, Espanha, Grécia e Alemanha.

Porém, adianta o jornal, estes países de “baixo risco” não deverão incluir Portugal devido ao aumento de casos de coronavírus nos últimos dias na região de Lisboa e sul do país.

O jornal The Sun coloca Portugal em dúvida, mas o Daily Mail refere que “é provável que seja incluído na lista de destinos, apesar de preocupações com surtos” no país.

Segundo a imprensa britânica, numa segunda fase, a partir de agosto, seriam adicionados destinos de médio curso, como Turquia, Marrocos, além de ilhas francesas da Reunião no Oceano Índico, algumas ilhas das Caraíbas e Dubai.

No final do verão serão incluídos países que implicam voos de longo curso, como Vietname, Singapura, Hong Kong ou Canadá, embora as listas de nomes variem.

O ministro dos Transportes britânico, Grant Shapps, afirmou na quarta-feira que a lista de países com os primeiros “corredores” será revelada hoje, quando está prevista a primeira revisão desde que entrou em prática a quarentena, introduzida há três semanas para tentar travar a pandemia de Covid-19.

Desde 8 de junho que todas as pessoas que chegam do estrangeiro ao Reino Unido, incluindo britânicos, são obrigadas a permanecer em isolamento durante 14 dias para reduzir a probabilidade de contágio.

// Lusa

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