A procura e a oferta de boleias através de páginas de internet aumentaram no último ano em Portugal, assim como o número de sites de partilha de boleias, proporcionando uma poupança de custos nas viagens dos utilizadores.
O simples esticar do polegar à berma da estrada para pedir boleia começa a estar ultrapassado. Agora, andar à boleia pressupõe um planeamento com antecedência, através da utilização dos sites de boleias, sempre com o mesmo princípio de economizar dinheiro.
Intitulada de carpooling, a partilha de boleias está cada vez mais presente no quotidiano dos portugueses.
Segundo um estudo realizado em novembro do ano passado em oito países (Alemanha, França, Itália, Portugal, Espanha, Bélgica, Reino Unido e Turquia), os portugueses ocupam o primeiro lugar no ranking de partilha de boleias, com uma percentagem de 28% face à média europeia, que se situa em torno dos 20%, seguindo-se Turquia, França e Espanha.
A partilha de boleias é “uma tendência que se tem vindo a afirmar muito com a ajuda da evolução tecnológica, ou seja, a internet, a existência de alguns ‘sites’ que estimulam a partilha de boleias, tem vindo a facilitar e organizar” a procura e a oferta, explicou o responsável pelo estudo, Diogo Lopes Pereira.
Entre os sites de boleias utilizados pelos portugueses encontram-se o Uber.com, Um Coche, o Bla Bla Car, boleia.net, Pendura.pt, e o DeBoleia.
Estes sites possibilitam que qualquer pessoa maior de idade se registe gratuitamente, podendo associar o registo ao perfil de Facebook. A partir desse momento, pode oferecer boleia, disponibilizando informação sobre o local de partida e de chegada, hora da viagem, custo e número de lugares disponíveis, ou apenas procurar boleia nos anúncios publicados.
Os principais trajetos das viagens disponibilizadas são em percursos de longa distância entre os grandes centros urbanos. A principal rota nacional é entre Lisboa e Porto.
Já os sites com boleias internacionais, como o Bla Bla Car, oferecem também percursos entre as principais cidades europeias.
A viagem “nunca pode ser vista pelo condutor como forma de rendimento, os custos deverão ser sempre divididos”.
As boleias na internet vieram para ficar
Idealizado por João Figueiredo, empresário de 24 anos, o Um Coche surgiu em dezembro de 2013, para “ligar passageiros e condutores entre 12 cidades de Portugal: Porto, Lisboa, Coimbra, Aveiro, Braga, Vila Real, Viseu, Covilhã, Caldas da Rainha, Leiria, Évora e Faro”.
A ideia surgiu após a grande adesão que teve o grupo de boleias do Facebook “Porto-Lisboa e Lisboa-Porto”, com mais de 26 mil membros, criado em 2011, quando era estudante em Lisboa, pois “precisava de fazer viagens entre as duas cidades e não tinha dinheiro para transportes públicos”.
“Decidi criar um site de boleias que ligasse não só duas, mas outras cidades de Portugal, as cidades mais universitárias, em que o principal público-alvo são os estudantes, mas que qualquer pessoa pode usar”, referiu.
Em média, por mês, são disponibilizadas 600 viagens no Um Coche.
O Bla Bla Car surgiu em França, em 2008. Em Portugal implementou-se em 2013, sendo “uma plataforma universal em que só muda o idioma”, disse o representante em Portugal, André Rodrigues Pereira.
O site está presente em Portugal, Alemanha, Inglaterra, Espanha, França, Itália, Holanda, Bélgica, Luxemburgo, Polónia, Rússia e Ucrânia.
“Já somos mais de 8 milhões de membros”, disse André Pereira.
Nuno Santos tem 29 anos e trabalha em Lisboa como engenheiro informático. Todos os fins de semana se desloca a Aveiro, onde tem a família e amigos. Para poupar na viagem, costuma oferecer boleia no Bla Bla Car.
“É prático e é mais fácil de encontrar pessoas interessadas na boleia”, disse.
Entre as vantagens que encontra ao partilhar boleia sublinha a possibilidade de “conhecer mais pessoas e dividir os custos de uma viagem”.
“O risco de furto de veículo e de apanhar uma pessoa menos simpática”, são o reverso da medalha.
Em relação à segurança, os ‘sites’ de boleias possibilitam que os utilizadores avaliem o condutor ou os passageiros da última boleia.
E assim, longe vão os tempos em que as nossas mães nos diziam: nunca apanhes boleia de um estranho.
ZAP / Lusa