A polémica em torno das celebrações do 25 de Abril no Parlamento é “desnecessária” e foi fomentada pela “arrogância” do presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues. É Marques Mendes quem o diz, defendendo contudo a realização da habitual cerimónia comemorativa porque “o 25 de Abril não tem lepra”.
“Faz todo o sentido comemorar o 25 de Abril na Assembleia da República”, entende Marques Mendes no seu habitual espaço de comentário na SIC Notícias. “Por que razão não haveria de reunir para comemorar o 25 de Abril? Que eu saiba, o 25 de Abril não tem lepra”, salienta o ex-líder do PSD, lembrando que o Parlamento continua a funcionar, com menos deputados e a cumprir as regras de distanciamento social.
Numa altura em que há alguma revolta contras as comemorações, havendo uma petição online a pedir o cancelamento da cerimónia, Marques Mendes entende que a polémica só foi potenciada pela atitude de Ferro Rodrigues. “Houvesse da parte do presidente da Assembleia da República um pouco menos arrogância e um pouco mais de bom senso” e não tinha havido tanto burburinho em torno do caso, considera.
Marques Mendes defende que Ferro Rodrigues devia ter apostado numa cerimónia com um quinto dos deputados e apenas o Presidente da República como convidado. “Se tivesse sido feita desta maneira, não teria havido polémica. Acho que o presidente da AR ainda estava a tempo de corrigir esta situação”, conclui.
Já quanto às celebrações do Primeiro de Maio, Marques Mendes manifesta-se contra, considerando que, neste caso, será mais difícil conseguir manter o distanciamento social.
“Recuperação pode ser rápida”
No seu espaço de comentário, Marques Mendes também falou da forma como António Costa tem gerido com a pandemia de Covid-19, considerando que o primeiro-ministro é “o maior beneficiário político da gestão desta crise”. Antes da pandemia “estava em sérias dificuldades, parecia um primeiro-ministro cansado e esgotado“, mas “mudou” e ganhou “nova alma”, considera o comentador.
Quanto a Rui Rio, Marques Mendes também o avalia positivamente, considerando, contudo, que perdeu margem de manobra para o futuro, “não por culpa própria, mas por mérito de António Costa”. “Acho que Rui Rio já percebeu este filme”, salienta o comentador, notando que vai ter de aprovar os Orçamentos do Governo socialista e que “não vai ser fácil criticar o Governo na gestão da crise económica porque a crise não é nacional, é global”.
Marques Mendes também considera que PCP e Bloco de Esquerda vão passar “verdadeiramente” à oposição, vaticinando o fim da “geringonça orçamental”.
Sobre a austeridade que se adivinha, Marques Mendes acredita que se vai sentir mais ao nível do sector privado do que no público. “Não é preciso uma austeridade de ajustamento no Estado”, constata, frisando que esta é uma crise “excepcional e irrepetível”. “Exige um novo pico de dívida, é verdade, mas esse é um encargo que pagar-se-á ao longo de 30, 40 anos, com pequenas poupanças, ano a ano”, diz.
“Não tenho dúvidas que vai haver um aumento de impostos”, refere ainda, prevendo, contudo, que a recuperação económica “pode ser rápida”. “No fim do próximo ano, já podemos estar novamente a crescer 5%, com um défice abaixo dos 2% e o desemprego a baixar para os 8%. Dentro do mal, o mal menor”, conclui.
“Não podemos deixar que os nossos carrascos nos dêem maus costumes.” Assunção Esteves, procurei mas não encontrei comentário do meia leca acerca desta triste tirada desta triste personagem. que diria este sabujo se o Dr. Ferro Rodrigues a tivesse proferido.
Houve de facto uma revolta, contra as comemorações do 25 de Abril, potenciada por algumas figuras políticas, e não só, com vontade de voltarem ao 24 de Abril de 74, tirando partido do estado de emergência que, efectivamente, põe em causa as democracias. Ninguém se tinha insurgido antes contra as sessões diárias do parlamento, considerando-as como possível causa da propagação do vírus! Aproveitou-se sobretudo a ocasião para bater, mais uma vez, no presidente da assembleia da república,mas não há dúvida de que ele se põe a jeito.