O Hospital da Cruz Vermelha não vai integrar a “rede covid”, criada em resposta à pandemia do novo coronavírus, anunciou esta quinta-feira o executivo, realçando que esta decisão é tomada porque, face à situação atual, tal não é necessário.
“Consideramos não se justificar atualmente a integração do Hospital da Cruz Vermelha na rede covid, sem prejuízo do contributo vital que, nesta fase, já é desenvolvido por essa instituição no apoio ao Estado num cenário ímpar e de especial exigência”, lê-se numa nota conjunta dos ministérios da Saúde e da Defesa Nacional.
O Governo destacou “o papel da Cruz Vermelha Portuguesa como parte integrante da proteção civil, numa resposta articulada com as entidades competentes”.
Segundo a nota do executivo, “a Cruz Vermelha Portuguesa tem demonstrado ser um parceiro absolutamente imprescindível ao serviço do país, expresso num vasto número de iniciativas e ações levadas a cabo no combate a esta epidemia, desde a realização de testes laboratoriais de triagem ‘smart’ junto dos lares de idosos, ao transporte de doentes suspeitos de covid-19, à cedência de equipamentos e ao apoio aos serviços de proteção civil e demais instituições, até à instalação da unidade modular no Hospital de Santa Maria para contenção de doentes suspeitos”.
Isto, numa altura em Portugal, e quase todo o mundo enfrenta o surto do novo coronavírus, pelo que a colaboração intersectorial tem-se revelado “fundamental na preparação e resposta” a uma pandemia que exige um esforço coordenado dos diferentes setores da sociedade e dos parceiros do sistema de saúde pública, assinalou.
“Foi também no contexto deste espírito colaborativo que foi recebida a informação de que o Hospital da Cruz Vermelha poderia passar a funcionar ao serviço de Estado, no combate ao surto do novo coronavírus integrado na rede covid”, vincou o executivo.
Porém, de acordo com o Governo, a dinâmica da situação epidemiológica e a incerteza científica quanto às características deste vírus exige, de modo a flexibilizar uma resposta que garanta o envolvimento coordenado de todos os intervenientes do sistema, uma avaliação regular do nível de preparação e resposta à pandemia. E, sublinhou, foi no “âmbito desta avaliação permanente” que foi excluída, neste momento, a integração na “rede covid” do Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa.
Na terça-feira, mais de uma centena de profissionais do Hospital da Cruz Vermelha acusou o presidente da instituição, Francisco George, de “estar a pôr em risco a sobrevivência clínica e económica do hospital”.
O alerta foi feito numa “carta denúncia” endereçada ao Presidente da República, presidente da Assembleia da República, primeiro-ministro e ministros das Finanças, Defesa e Saúde, e assinado por médicos, enfermeiros, técnicos, administrativos e auxiliares de ação médica e colaboradores.
No documento, a que a Lusa teve acesso, os profissionais manifestaram a “enorme preocupação” com a forma como Francisco George, presidente da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) e presidente do Conselho de Administração não-executivo do Hospital da Cruz Vermelha (HCVP), “está a pôr em risco a sobrevivência clínica e económica” do hospital.
Francisco George, ouvido pela Lusa, estranhou a iniciativa, explicando: “Estou há pouco tempo na CVP, estou na administração de manhã à noite, vejo o diretor clínico todos os dias, e até hoje nada me disse“.
// Lusa
Coronavírus / Covid-19
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