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Hospitais privados disponíveis para receber pacientes do SNS

Mário Cruz / Lusa

O presidente da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP) garante que os hospitais privados estão disponíveis para receber doentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

A pandemia de coronavírus deixou os hospitais públicos sobrelotados. A APHP reúne-se hoje, por videoconferência, com a Direção-Geral de Saúde (DGS) para agilizar a forma como o sistema de saúde poderá organizar-se no futuro, escreve o jornal Público.

“A reunião é para falar sobre estas questões e perceber o que a DGS quer fazer em termos de reorganização do sistema. Na nossa perspetiva, entendemos que é preferível existirem hospitais que de alguma forma aliviem a carga dos hospitais como Santa Maria, São João ou Curry Cabral; para que casos que normalmente são seguidos por essas unidades possam ser encaminhados para os hospitais privados e faríamos esse trabalho”, explicou Óscar Gaspar, presidente da APHP.

As urgências dos hospitais estão muito sobrecarregadas neste momento e havendo capacidade nas urgências dos hospitais privados, podemos substitui-los nesse aspeto”, acrescentou.

Caso fosse tratado num hospital privado, não seria o doente a encarregar-se dos custos. Estes seriam suportados através de um contrato com o Ministério de Saúde. “O que defendemos é uma contratualização, que não precisa de ser muito complexa nesta fase”, salienta Óscar Gaspar.

O presidente da APHP disse ainda ao Público que é importante ter uma ação conjunta, uma vez que “vão continuar a existir pessoas com AVC, traumatismos, a precisar de lugares de cuidados continuados”.

Independentemente daquilo que sair da reunião de hoje, Gaspar garante que os privados já se estão a preparar para receber os pacientes do setor público. O gestor conta que a DGS pediu também aos hospitais privados para começarem a fazer testes aos casos suspeitos de Covid-19.

“A Luz Saúde está a preparar dez ventiladores para ceder ao Hospital de Santa Maria para serem montados amanhã [terça-feira]”, disse Óscar Gaspar ao Público. A CUF, por sua vez, vai oferecer 50 ventiladores ao SNS.

DGS recomenda cremação de cadáveres de doentes

A Direção-Geral de Saúde (DGS) emitiu uma norma sobre cuidados ‘post-mortem’ com cadáveres de pessoas infetadas com o novo coronavírus, recomendando a cremação dos corpos e determinando, em caso de enterro, que o caixão não seja aberto.

A norma publicada esta segunda-feira na página da DGS emite um conjunto de orientações para os profissionais que têm que lidar com os cadáveres de doentes que morram com Covid-19, ou quando mesmo sem confirmação suspeitem que tenha sido essa a causa da morte, devendo neste último caso ser colhidas amostras biológicas antes do envio do corpo para a casa mortuária, que serão depois submetidas a análise.

Todos os dispositivos e materiais usados no tratamento devem ser retirados do corpo, descartados para os seus contentores específicos e o cadáver deve ser deixado limpo e seco, desinfetando orifícios e tamponando orifícios para impedir riscos de saída de fluidos.

“É essencial que os profissionais que realizam os funerais e todos os outros envolvidos no manuseio do corpo, sejam informados sobre o risco potencial de infeção, incluindo os familiares”, lê-se na norma, que obriga a diminuir a acumulação de cadáveres e proíbe o embalsamamento.

Ainda que não seja obrigatório, a DGS refere que os cadáveres devem, “de preferência” ser cremados, mas quando isso não aconteça os corpos, que devem sempre ser embalados em sacos impermeáveis, ficam em caixão fechado, estando as famílias também proibidas de os abrir.

A DGS determina também normas estritas de higiene e proteção pessoal para quem tenha que manusear o corpo, impondo o uso de material impermeável, máscaras cirúrgicas e óculos de proteção.

Os familiares devem procurar informação sobre o risco potencial de infeção e “cumprir integralmente as orientações recebidas”.

A norma indica detalhadamente como deve ser acondicionado o corpo, como proceder na desinfeção do quarto ou enfermaria e os cuidados a ter pelos profissionais que realizam a autópsia, quando esta é realizada, havendo também neste caso indicações sobre como proceder durante o processo e na desinfeção e limpeza do espaço, quando concluída.

20% dos infetados são médicos

A Ordem dos Médicos denunciou esta segunda-feira que 20% dos infetados com Covid-19 são médicos e alertou que a falta de equipamentos de proteção individual está a ser o calcanhar de Aquiles do combate ao novo coronavírus.

“Do número de casos de infeção pelo novo coronavírus conhecido até ao momento, pelo menos 20% são já em médicos”, revela a Ordem, alertando para a necessidade de serem divulgadas orientações claras sobre que equipamentos usar e em que circunstâncias e de os disponibilizar “a todos os profissionais que estão no terreno a combater esta situação de emergência de saúde pública internacional”.

“Na fase em que nos encontramos não é possível continuarmos a só proporcionar equipamentos de proteção individual em locais de apoio direto ao Covid-19”, defende a Ordem, frisando que, com cadeias de transmissão desconhecidas, “todas as pessoas que estão no terreno, em todas as unidades de saúde, precisam de estar devidamente protegidas”.

Na nota enviada às redações, o bastonário, Miguel Guimarães, diz que têm chegado à Ordem dos Médicos vários relatos de escassez ou inexistência de equipamentos de proteção individual, bem como da falta de orientações claras sobre que equipamentos os médicos devem usar e quando.

Miguel Guimarães insta a que todos os colegas reportem as falhas e exijam trabalhar devidamente protegidos, “por si, pelos doentes e pelos portugueses”.

ZAP // Lusa

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