Os israelitas vão a votos pela terceira vez num ano, sem grande margem para conseguir formar um Parlamento com maioria para governar.
As mesas de voto abriram esta segunda-feira em Israel para escolher os seus deputados pela terceira vez em menos de um ano e, apesar das mudanças registadas desde as últimas eleições, o escrutínio pode resultar num novo impasse.
Às 07:00 (05:00 horas em Lisboa) foram abertos os mais 11.000 centros de votação, para a cerca de 6,5 milhões de israelitas, com mais de 18 anos. Logo após as 22:00 horas (20:00 horas em Lisboa) são esperados os primeiros resultados das pesquisas de voto.
Centenas de israelitas, que se encontram em quarentena devido ao novo coronavírus, poderão votar em tendas com isolamento especial, utilizando uma caneta, luvas e máscaras descartáveis.
Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro do Likud (direita), e Benny Gantz, da coligação centrista Azul e Branco, disputam a possibilidade de formar Governo, tal como em abril e em setembro de 2019, mas os resultados, que as sondagens apontam como muito próximos, poderão prolongar a crise política, que já é a maior da história de Israel.
Os aliados preferenciais de Netanyahu e Gantz, os partidos religiosos ultraortodoxos no primeiro caso e os de esquerda no segundo, também deverão manter o número de deputados ou registar ligeiras alterações, segundo as sondagens, não permitindo, mais uma vez, formar uma maioria no parlamento (61 deputados dos 120 do Knesset).
Uma sondagem divulgada na quarta-feira no site israelita de notícias Walla News dá o Likud e o Azul e Branco empatados com 34 deputados cada, depois de em setembro terem conseguido 32 e 33 respetivamente.
Segundo a mesma sondagem, a Lista Unida (partidos árabes) manterá o terceiro lugar com o mesmo número de deputados, 13, seguida da aliança de partidos de esquerda Labor-Gesher-Meretz com nove, do Shas (ultraortodoxos, oito), Israel Beiteinu (direita nacionalista, sete), Judaísmo Unida da Torá (ultraortodoxos, oito) e do Yamina (aliança de direita e extrema-direita, sete).
Desde as últimas eleições, Netanyahu tornou-se o único primeiro-ministro israelita em funções acusado e o seu julgamento por suborno, fraude e abuso de confiança em três casos de corrupção começa a 17 de março.
O chefe do governo de Israel também esteve em Washington ao lado do Presidente Donald Trump para a apresentação do plano de paz norte-americano para o conflito israelo-palestiniano, que considerou “histórico”.
Reconhecendo Jerusalém como a “capital indivisível de Israel” e prevendo a anexação pelo Estado hebreu dos colonatos que criou na Cisjordânia ocupada desde 1967 e do vale do Jordão, o “plano Trump” foi rejeitado pelos palestinianos por dar sobretudo resposta a reivindicações israelitas.
Após a apresentação do plano a 28 de janeiro, Netanyahu prometeu seguir com a anexação do território, mas terá sido convencido pela Casa Branca a aguardar pelas legislativas, reviravolta mal recebida pelos colonos israelitas.
Os anúncios da última semana da construção de milhares de habitações para colonos em Jerusalém Oriental (reivindicada pelos palestinianos para capital de um eventual Estado) e na Cisjordânia também não fizeram mover as intenções de voto.
Benny Gantz, por seu turno, esteve no centro das atenções no final da campanha com o lançamento de uma investigação criminal sobre a concessão de fundos públicos no valor de um milhão de euros, sem concurso, à empresa de cibersegurança Fifth Dimension, que dirigiu.
O procurador-geral afastou rapidamente as suspeitas de Gantz, mas Netanyahu não perdeu a oportunidade de o questionar num vídeo sobre se a “obtenção fraudulenta” de um contrato “não é corrupção de alto nível”, depois de o adversário ter insistido durante a campanha na situação do primeiro-ministro face à justiça.
ZAP // Lusa