Uma equipa de professores de ciência da computação da Universidade de Chicago inventou uma pulseira especial que interfere com todos os microfones próximos, incluindo os dos altifalantes e assistentes inteligentes.
As câmaras de segurança e altifalantes inteligentes da Amazon e da Google, que já venderam milhões de unidades em todo o mundo, podem representar um grande risco para a segurança e privacidade tanto no caso da possível monitorização das empresas de tecnologia quanto no caso de hackers.
De acordo com o jornal norte-americano The New York Times, 24% dos adultos norte-americanos têm um altifalante inteligente nas suas casas.
Para os que acreditam que estes aparelhos estão de “ouvidos” bem abertos, a gravar conversas particulares, os investigadores começam a desenvolver acessórios para preservar a privacidade das suas interações.
Uma equipe de professores de ciência da computação da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, inventou um bracelete que interfere com todos os microfones próximos para impedir qualquer captura sonora.
A robusta “pulseira do silêncio” possui 24 altifalantes que emitem sinais ultrassónicos impercetíveis. Qualquer microfone próximo deteta as altas frequências como ruído estático que abafa a fala do utilizador.
“É tão fácil gravar hoje em dia”, explicou Pedro Lopes, professor da Universidade de Chicago. “Esta é uma defesa útil. Quando tem algo particular a dizer, pode ativá-lo em tempo real. Quando reproduzirem a gravação, o som desaparecerá”, comentou o professor sobre as possíveis aplicações do acessório.
A privacidade é um direito e, em tese, acessórios como este não deveriam ter de existir. Isso está escrito no artigo 12 da Declaração Universal dos Direitos Humanos: “o direito à privacidade nos dá a capacidade de escolher que partes neste domínio podem ser acedidas por outras pessoas, e para controlar a extensão, formato e o momento do uso dessas informações que escolhemos para divulgar.”
“O futuro é ter todos estes dispositivos [como altifalantes inteligentes e câmaras de segurança] ao seu redor, mas teremos de assumir que estão potencialmente comprometidos”, explicou Ben Zhao, professor de ciência da computação da Universidade de Chicago. “O seu círculo de confiança terá de ser muito mais pequeno, às vezes até ao seu corpo”.
Sobre a importância do bracelete do silêncio, “as novas tecnologias estão a corroer continuamente a nossa privacidade e anonimato. As pessoas estão à procura de uma opção de não participação, que é o que estou a tentar oferecer”, completou Lopes.
Por enquanto, o acessório é um protótipo, mas, de acordo com os investigadores, poderia ser fabricado por apenas 20 dólares (cerca de 18 euros).