Os esporos de mofo revelaram ser os micro-organismos que sobrevivem melhor nas condições extremas de temperatura, radiação e baixa pressão registadas na estratosfera.
Em setembro de 2019, astrobiólogos do Centro Aeroespacial Alemão (DLR) enviaram um ‘jardim zoológico’ de micro-organismos, como bactérias e mofos, numa viagem de nove horas, até 30 quilómetros acima da Terra, num foguete da NASA.
Nesta altitude, os efeitos protetores da atmosfera da Terra reduzem consideravelmente, sendo que a temperatura, a radiação e a pressão são semelhantes às condições encontradas em Marte.
Nas últimas semanas, a equipa da DLR esteve a analisar as amostras deste ‘zoo’, que ficou batizado MARSBOx (Microbes in Atmosphere for Radiation, Survival and Biological Outcomes Experiment), e concluiu que a maioria das bactérias acabaram por morrer, devido à forte radiação ultravioleta.
Em comunicado, os cientistas explicam que poucos estafilococos sobreviveram à viagem e, pelo contrário, esforos de mofo sobreviveram melhoram nestas condições extremas.
“Já se fazem pesquisas sobre bactérias no Espaço desde as missões Apollo. Os fungos também são considerados organismos relevantes para o Espaço. No entanto, esta investigação ainda está apenas no início”, começa por dizer Ralf Möller, microbiólogo do Instituto de Medicina Aeroespacial do DLR, sediado em Colónia, na Alemanha.
Möller tem uma possível explicação para a grande resistência dos mofos. “Para proliferarem, os mofos formam esporos que são altamente resistentes a condições extremas, como a secura e a radiação. Além disso, os fungos têm mecanismos de proteção muito eficazes contra a radiação, como uma forte pigmentação negra e uma reparação eficaz do ADN. Embora muitas bactérias tenham propriedades semelhantes, os esporos de mofo são muito mais resistentes às condições extremas de Marte do que as bactérias que testámos”.
“Os resultados demonstram quão importante é continuar a investigação sobre micro-organismos, particularmente fungos e as suas propriedades de sobrevivência no Espaço, sobretudo no interesse da saúde dos astronautas em missões a longo prazo para estações espaciais e, posteriormente, para habitats na Lua e em Marte”, considera o cientista.
Estes foram os primeiros resultados do estudo. Se tudo correr como previsto, este verão, serão transportadas amostras para a Estação Espacial Internacional (EEI) para investigar como são afetadas pelas condições de microgravidade a curto e a longo prazo.