“Informações falsas”. Huawei nega receber benefícios de Pequim

Um dia depois de ter sido noticiado que a China promoveu a ascensão da Huawei com apoios de 75 mil milhões de dólares, a empresa veio a público acusar o The Wall Street Journal de se basear em “informações falsas e sem lógica”.

Num comunicado enviado esta quinta-feira à comunicação social, e partilhado pela empresa nas redes sociais, a empresa diz que o artigo do The Wall Street Journal se baseia em especulação e que o “sucesso da Huawei resulta de 30 anos de investimentos avultados”. A empresa não desmente receber incentivos governamentais, mas diz que, nos últimos dez anos, 90% do capital “foi exclusivamente resultado” das operações comerciais.

Em causa está uma notícia do jornal norte-americano, publicada a 25 de dezembro, que informa que o governo chinês terá apoiado a ascensão da tecnológica com 75 mil milhões de dólares (o equivalente a 67,5 mil milhões de euros).

A gigante chinesa acusou o jornal de publicar “vários artigos dissimulados e irrefletidos sobre a Huawei”, que afetam “seriamente” a sua reputação. A empresa chinesa acrescentou ainda que pondera “tomar medidas legais” contra o jornal norte-americano.

Segundo a notícia, Pequim terá promovido a ascensão global da Huawei com apoios na ordem dos 75 mil milhões de dólares em isenções fiscais, financiamento direto e recursos a baixo preço.

A maior parte do apoio, em torno de 46 mil milhões de dólares, terá sido concedida em empréstimos, linhas de crédito e outras assistências por entidades estatais. Entre outras ajudas, a tecnológica desfrutou ainda de 1,6 mil milhões em subvenções e 2 mil milhões em descontos na aquisição de terrenos.

O apoio do Governo chinês à Huawei Technologies, que começou há 25 anos, estará por detrás de um conjunto de questões relativas às relações entre o Estado e o gigante mundial das tecnológicas, numa altura em que compete pela construção de redes de telecomunicações 5G da próxima gerações em todo o mundo.

A empresa tem estado envolvida em polémicas. Os Estados Unidos colocaram a Huawei numa lista negra de entidades proibidas de fazerem negócios com empresas dos Estados Unidos, alegando motivos de “segurança nacional” e acusando o grupo de trabalhar com as autoridades de Pequim.

Pouco depois de ser anunciada a decisão inicial de Washington, foi indicado que só entraria em vigor 90 dias depois, prazo que foi renovado em agosto e novamente em novembro, com o novo prazo para negócios a manter-se até 16 de fevereiro de 2020.

Donald Trump, presidente dos EUA, anunciou o bloqueio à empresa chinesa Huawei por considerar que a marca espia os seus clientes e oferece essa informação ao governo chinês. Milhares de utilizadores a nível mundial encontram-se com um futuro incerto em relação aos seus telemóveis uma vez que a Google anunciou que já não proporcionaria o seu software Android à empresa.

No Reino Unido, os consumidores britânicos também trocaram os smartphones Huawei em números cada vez maiores. No Japão e no Taiwan, as operadoras pararam de aceitar pedidos antecipados de modelos de smartphones mais novos.

Ignorando as sanções, a Huawei cumpriu o calendário e revelou novos modelos de telemóveis da marca Honor em Londres. A Huawei confirmou que estava a trabalhar num sistema operativo próprio da marca.

Em dezembro, a gigante tecnológica chinesa Huawei começou a fabricar novos smartphones sem qualquer componente criado nos Estados Unidos.

A Huawei foi criada em 1987 por um antigo dirigente militar chinês, Ren Zhengfei, e já contou com forte investimento por parte do governo da China, o que faz com que os Estados Unidos suspeitem que os equipamentos sejam usados para espionagem, especialmente tendo em conta uma lei de 2017 que obriga as grandes empresas chinesas a cooperarem com os serviços de informações do país.

ZAP //

 

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