Inscrições nas pinturas rupestres de Foz Côa custam 125 mil euros a ciclistas

(dr)

Gravura de Foz Côa conhecida como “Homem de Piscos” vandalizada com a figura de uma bicicleta

O Ministério Público (MP) deduziu acusação contra dois indivíduos que fizeram várias inscrições numa rocha do Parque Arqueológico do Vale do Côa, classificado como Património da Humanidade pela UNESCO.

O caso aconteceu durante um passeio de BTT durante o qual, segundo o MP da Guarda, os dois acusados se dirigiram a uma das rochas do Núcleo de Arte Rupestre da Ribeira de Piscos e fizeram várias inscrições numa rocha com “gravuras de valor imensurável“.

 

Os arguidos estão agora acusados da prática do crime de dano qualificado. Em comunicado citado pela TSF, o MP diz que o crime em causa é punível com pena de prisão de dois a oito anos. Foi ainda apresentado, em nome do Estado, um pedido de indemnização cível.

Se o julgamento confirmar as pretensões do Ministério Público, os acusados terão de pagar 125 mil euros pela reparação das rochas e pela perda de receitas causada pelos estragos.

A Fundação Côa Parque denunciou na altura o “inqualificável atentado” contra uma das rochas do parque arqueológico na qual está representada uma figura humana com mais de 10 mil anos, o “Homem de Piscos”.

“Fomos surpreendidos com a descoberta de novíssimas gravações de uma bicicleta, um humano esquemático e a palavra ‘BIK’ diretamente sobre o conhecidíssimo conjunto de sobreposições incisas do setor esquerdo daquele painel, onde, como é universalmente sabido, está o famoso Homem de Piscos“, disse então à agência Lusa o diretor do Parque Arqueológico do Vale do Côa, António Baptista.

Estas gravuras sobreviveram intactas durante mais de 10.000 anos e foram agora “miseravelmente mutiladas pela ignorância de alguém que esperamos que possa ser rapidamente identificado e exemplarmente punido”, destaca o responsável do parque arqueológico.

O Parque Arqueológico do Vale do Côa é considerado como um dos mais importantes sítios de arte rupestre do mundo e é o mais importante sítio com arte rupestre paleolítica de ar livre. Aqui foram identificados cinco dezenas de núcleos de arte, ao longo dos últimos 17 quilómetros do Rio Côa, até à sua confluência com o Douro.

Estes núcleos apresentam Paleogravuras de Arte rupestre datadas, na sua maioria, do Paleolítico superior, mas o vale guarda também exemplos de pinturas e gravuras do Neolítico e Calcolítico, gravuras da Idade do Ferro e dos séculos XVII, XVIII, XIX e XX, altura em que os moleiros, os últimos gravadores do Côa, abandonaram o fundo do vale.

O Parque Arqueológico do Vale do Côa está atualmente classificado como Património da Humanidade pela UNESCO.

ZAP //

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