A oposição venceu as eleições legislativas deste domingo no Kosovo, afastando do poder os partidos que dirigiam o país há mais de uma década, de acordo com dados divulgados pela comissão eleitoral.
Após a contagem de 95% dos votos, a esquerda – o movimento Vetëvendosje! (VV, Autodeterminação!), com 25,81% – e o centro direita – Liga Democrática do Kosovo (LDK), com 24,95% – estavam à frente dos dois partidos da coligação no poder, Partido Democrático do Kosovo (PDK), com 21,27%, e a Aliança para o futuro do Kosovo (AAK), do atual primeiro-ministro, com 11,5%.
“Chegou a hora! Chegou a hora!”, disse o líder do movimento Vetëvendosje!, Albin Kurti, aos seus apoiantes, no centro de Pristina, citado pela Agência France Presse (AFP).
Durante dez anos, o Kosovo mergulhou numa profunda crise socioeconómica sem obter um reconhecimento internacional pleno da sua soberania. O chefe do principal partido da coligação atualmente no poder, Kadri Veseli, também citado pela AFP, aceitou a derrota, afirmando: “Aceitamos o veredito do povo. O PDK passa para a oposição“.
A Comissão Eleitoral deverá anunciar esta segunda-feira os resultados oficias.
A LDK e o Autodeterminação!, que têm colaborado nos últimos anos, mostraram-se na campanha dispostos a aliarem-se após as eleições, apesar de terem fracassado na tentativa de o fazerem antes da votação, porque não conseguiram chegar a acordo quando a um candidato comum para primeiro-ministro.
As questões sociais, do emprego à saúde, dominaram a campanha para as eleições legislativas antecipadas de domingo.
Pela primeira vez desde a autoproclamação da independência do Kosovo em 2008, os temas sociais obtiveram primazia sobre as eternas “questões nacionais”. A sombra do diálogo com a Sérvia planou sobre a campanha, mas o emprego, a corrupção, o direito à educação e saúde dominaram os discursos, sugerindo à população que, 20 anos após o fim dos combates, é possível uma mudança.
No total, 1.068 candidatos disputaram os 120 lugares do parlamento do Kosovo (20 reservados às “minorias”), num país com menos de dois milhões de habitantes, mas uma importante diáspora.
Do lado dos albaneses kosovares, quatro listas disputaram o primeiro lugar: a Liga Democrática do Kosovo (LDK), o Partido democrático do Kosovo (PDK), o movimento Vetëvendosje! (VV, Autodeterminação!) e a coligação formada entre a Aliança para o futuro do Kosovo (AAK) de Ramush Haradinaj e o Partido social-democrata (PSD).
O ex-primeiro-ministro Ramush Haradinaj, antigo comandante do UÇK, os serviços secretos do exercito de libertação do Kosovo, e que liderava uma ampla coligação governamental, também joga a sua sobrevivência política.
Haradinaj demitiu-se em 19 de julho, após ser convocado pelo Tribunal especial para o Kosovo, com sede em Haia, como suspeito de crimes de guerra no decurso da “guerra do Kosovo” (1998-99), o último conflito na ex-Jugoslávia.
// Lusa