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Trump pressionou primeiro-ministro australiano para tentar descredibilizar investigação de Mueller

O Presidente dos EUA, Donald Trump, pressionou recentemente o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, para que este o ajudasse a descredibilizar a investigação do procurador especial Robert Mueller.

A informação foi avançada esta segunda-feira pelo jornal norte-americano The New York Times, que cita duas fontes familiarizadas com a chamada telefónica.

O Governo australiano confirmou que a chamada aconteceu e que o primeiro-ministro concordou em ajudar. Trata-se do segundo telefonema com um líder estrangeiro a comprometer Trump nos últimos dias. Na sequência do outro, o Presidente norte-americano foi acusado de pressionar o homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, a investigar o seu rival político e ex-vice-Presidente Joe Biden.

Esta chamada, cuja transcrição foi revelada na última semana após a queixa de um denunciante, levou os democratas a darem início a um processo de impeachment presidencial. Na segunda-feira, o advogado pessoal de Trump, Rudy Giuliani, recebeu uma intimação relacionada com os seus contactos com as autoridades ucranianas.

A Casa Branca restringiu o acesso à transcrição da conversa telefónica entre o Presidente dos EUA e o primeiro-ministro da Austrália a um pequeno grupo de assessores. A decisão é invulgar mas semelhante à que foi tomada no caso da chamada com o Presidente da Ucrânia.

Num comunicado divulgado esta terça-feira, e citado pela ABC, o Governo australiano referiu que “sempre esteve disponível para cooperar com esforços que ajudem a esclarecer melhor as questões sob investigação”. “O primeiro-ministro confirmou novamente essa disponibilidade”, acrescentou a nota.

A equipa de Mueller revelou que a sua investigação não permitiu concluir que a campanha de Trump conspirara criminalmente com a Rússia para influenciar as eleições de 2016. No entanto, a investigação também não ilibou o Presidente de conluio, tendo delineado um extenso caso de obstrução à justiça contra Trump.

Em maio, após a divulgação das conclusões da investigação, que definiu sempre como uma “caça às bruxas”, o Presidente dos EUA anunciou que o seu procurador-geral, William Barr, analisaria o modo como a investigação teve início. Pouco tempo depois, o embaixador da Austrália em Washington, Joe Hockey, escreveu à Casa Branca oferecendo ajuda, revela a imprensa australiana.

O líder conservador da Austrália conta-se entre os aliados internacionais mais próximos de Trump e foi recebido na Casa Branca com um jantar de Estado na semana passada. Segundo o NYT, a chamada telefónica aconteceu pouco antes da visita de Morrison.

De acordo com o Washington Post, William Barr teve reuniões privadas com agentes das secretas de vários países, incluindo do Reino Unido e de Itália, para pedir ajuda para a investigação ao inquérito Mueller.

Uma porta-voz do Departamento da Justiça, Kerri Kupec, confirmou que o procurador encarregado do caso, John Durham, “está a reunir informação de várias fontes, incluindo alguns países estrangeiros”. Confirmou que, “a pedido do procurador-geral Barr”, o Presidente “contactou outros países para pedir-lhes que apresentem o procurador-geral e o senhor Durham aos responsáveis apropriados”.

A investigação ao eventual conluio entre Trump e o Kremlin foi parcialmente desencadeada após autoridades australianas terem comunicado ao FBI as preocupações de um diplomata destacado. Alexander Downer, então alto comissário da Austrália no Reino Unido, revelou que George Papadopoulos, antigo conselheiro de Trump, lhe havia dito em maio de 2016 que Moscovo tinha informações incriminatórias sobre Hillary Clinton.

Porém, Papadopoulos nega alguma vez ter discutido o assunto. Em 2018, cumpriu uma pena de prisão de duas semanas depois de se declarar culpado de mentir ao FBI sobre encontros que manteve com alegados intermediários da Rússia.

ZAP //

 

 

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