Com o mundo de olhos postos na Amazónia, por causa das chamas que a devoram, um artigo da agência Bloomberg veio lembrar a situação em vários países do centro-sul de África, referindo que o número de incêndios é maior em lugares como Angola ou na República Democrática do Congo.
A notícia, citada pelo Expresso, refere dados do satélite MODIS (Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer), da NASA, e apresenta os números: durante um período de dois dias no decorrer da última semana registaram-se 6.902 incêndios em Angola e 3.395 incêndios no Congo, tendo deflagrado 2.127 incêndios no Brasil.
A comparação foi entretanto criticada pelo ministro da Comunicação Social de Angola. “É um completo ‘nonsense’. Como comparar queimadas, tradicionais nesta região, com o incêndio da maior floresta do mundo?”, escreveu João Melo no Twitter.
Numa outra publicação, o ministro reconheceu as queimadas como “um problema, que precisa de ser resolvido”, mas chama “brincadeira” ao facto de se “confundir fotos de capim a arder na nossa região com incêndios massivos em florestas”. “Misturar isso com politiquice barata, é pior ainda. Lamentável”, acrescentou.
Depois de na segunda-feira ter anunciado que os líderes do G7 – Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos – vão contribuir com uma ajuda de emergência de mais de 20 milhões de euros para o combate dos incêndios na floresta amazónica, o Presidente francês chamou também a atenção para os incêndios africanos.
Emmanuel Macron usou o Twitter para admitir que está a considerar “a possibilidade” de lançar uma iniciativa semelhante para garantir ajuda também para este continente.
Uma vez que os mapas da NASA não permitem certezas quanto ao tipo de incêndios em causa no território africano, há a desconfiança que muitos resultam do facto de os agricultores cortaram parte da vegetação e atearam fogo ao resto, para limpar a terra a fim de a poderem plantar.
A técnica de cultivo é controversa, pois os ambientalistas alertam que esta pode levar ao desmatamento, à erosão do solo e à perda de biodiversidade. Mas é a maneira mais barata de limpar o terreno, lembra um artigo da BBC, e tem a vantagem de as cinzas fornecerem nutrientes para futuras plantações.
A prática acontece todos os anos antes da estação das chuvas, que deve começar em Angola e na República Democrática do Congo já em setembro.