A Mercedes-Benz está a usar os sensores de localização para rastrear e recuperar carros no Reino Unido quando os clientes se atrasam a pagar, levantando preocupações sobre a privacidade.
Estes sensores são instalados na maior parte dos novos veículos na Europa e supostamente só seriam utilizados em caso de acidente. No entanto, a marca de luxo alemã ativou, por vezes, os localizadores para encontrar e recuperar carros de clientes com pagamentos em atraso, noticiou o Jornal de Notícias no domingo.
Uma porta-voz da Mercedes disse à CNN Business que os clientes concordam com a instalação dos sensores quando assinam acordos de financiamento com a marca e que a ativação dos mesmos só acontece se os termos do contrato não forem cumpridos.
“Esse processo de recuperação é utilizado em alguns casos excecionais e apenas como último recurso, quando os clientes deixam de cumprir os contratos de financiamento ou não cumprem repetidamente os pedidos de devolução do veículo”, indicou a porta-voz. “Também queremos realçar que isso não significa rastreamento constante”.
A utilização dos sensores, denunciada pelo Sun, desencadeou um debate sobre a privacidade. Um ex-ministro do gabinete britânico, David Davis, questionou o uso dos sensores e pediu ao Governo que investigue o caso.
Hannah Couchman, diretora de políticas e campanhas da organização de direitos humanos Liberty, afirmou que a vigilância por parte das empresas é problemática e que “permitir que rastreiem os seus clientes é mais uma ameaça à nossa privacidade”.
“Este aumento da vigilância no setor privado é particularmente perturbador quando os clientes não têm ideia de que estão a ser rastreados dessa maneira. Há também o risco de que esta informação possa ser explorada ou ‘hackeada'”, frisou.
Desde março de 2018, todos os novos carros e carrinhas produzidos na União Europeia têm de ser equipados com o “eCall” – um dispositivo que pode transmitir dados, incluindo a localização de um veículo, para serviços de emergência em caso de acidente.
O Parlamento Europeu estipulava que a chamada automática daria aos serviços de emergência “apenas dados mínimos básicos, como o tipo de veículo, o combustível usado, a hora do acidente, a localização exata e o número de passageiros”, e que o sistema permanece desligado até que ocorra um grave acidente.
Outras grandes marcas mundiais não responderam imediatamente às solicitações de informações sobre as suas políticas de rastreamento.