O MIT Media Lab junta áreas que vão do design à robótica e é responsável pelas mais vanguardistas inovações do Massachusetts Institute of Technology, uma das mais reputadas universidades do mundo na área da tecnologia.
Agora, o laboratório viu-se abalado pela revelação de associações a Jeffrey Epstein, o investidor multimilionário acusado de abusos sexuais a menores, que se suicidou recentemente na prisão. O caso de Epstein tem sido alvo de ampla cobertura mediática em parte pelas relações entre Epstein e membros da elite política americana, entre os quais o Presidente Donald Trump.
Este mês, tornou-se público que Epstein tinha feito vários donativos ao MIT Media Lab e que tinha feito investimentos nos fundos de capital de risco do diretor do laboratório, Joichi Ito. Os montantes não foram revelados.
O caso já levou a que dois professores anunciassem que vão deixar a instituição e a um pedido de desculpas do diretor. Documentos judiciais revelados recentemente também contêm acusações de abusos levados a cabo por um famoso cientista do MIT na área da inteligência artificial.
Esta semana, dois académicos do Media Lab disseram publicamente que vão terminar a relação que tinham com o laboratório. Um deles é Ethan Zuckerman, que é também um ativista online e considerado o inventor dos anúncios pop-up. Zuckerman trabalhava no Tripod.com, uma das empresas da vaga dotcom dos anos 1990, quando concebeu a ideia de publicidade que surgia numa janela diferente daquela que o utilizador estava a usar.
“Comecei a perceber que tinha de terminar a minha relação com o MIT Media Lab”, escreveu Zuckerman esta terça-feira, num texto publicado online. “A minha lógica foi simples: o trabalho que o meu grupo faz foca-se na justiça social e na inclusão de indivíduos e pontos de vista marginalizados. É difícil fazer esse trabalho com uma cara séria num local que violou de forma tão clara os seus princípios ao trabalhar com Epstein e ao disfarçar essa relação.”
Há uma semana, Ito tinha publicado um pedido de desculpas no site do MIT Media Lab, em que reconhecia ter incentivado Epstein a financiar o laboratório.
“Conheci Epstein em 2013, numa conferência, através de um amigo de negócios de confiança e, nos meus esforços de angariação de financiamento para o MIT Media Lab, convidei-o para vir ao Laboratório e a visitar várias das residências. Quero que saibam que, em todas as minhas interações com Epstein, nunca estive envolvido, nunca o ouvi falar, e nunca vi qualquer prova dos atos horríveis de que foi acusado”, escreveu Ito.
“Lamentavelmente, ao longo dos anos, o Laboratório recebeu dinheiro através de algumas das fundações que ele controlava. Eu sabia destes donativos e estes fundos foram recebidos com a minha autorização. Também o deixei investir em vários dos meus fundos que investem em startups de tecnologia fora do MIT.”
Um conjunto de documentos judiciais tornados públicos no início deste mês contém um depoimento em que uma mulher acusa Epstein de a ter levado a prostituir-se enquanto adolescente e a ter relações com homens, entre os quais o cientista Marvin Minsky. Minsky foi um pioneiro da inteligência artificial e membro fundador do MIT Media Lab. Morreu em 2016, aos 88 anos.
O bilionário norte-americano foi detido em Nova Jersey no dia 6 de julho, e a polícia encontrou diversas fotografias de raparigas nuas na sua mansão, em Nova Iorque.
Epstein foi encontrado deitado no chão da sua cela com ferimentos no pescoço. Na altura, ficou por esclarecer se se as feridas foram auto-infligidas ou provocadas por terceiros. Caso fosse condenado, o norte-americano poderia enfrentar uma pena de prisão até 45 anos por abuso e tráfico sexual de menores.
Epstein tentou previamente um pagamento de 100 milhões de dólares, cerca de 89,9 milhões de euros, como fiança, além de ter acordado com a utilização de um sistema de monitorização para que não saísse dos Estados Unidos.
Contudo, os procuradores recusaram o acordo, apresentando provas de que Epstein poderia sair do país, uma vez que apreenderam um montante elevado de dinheiro e um passaporte australiano com pseudónimo no cofre da sua mansão em Nova Iorque.
Epstein estava preso a aguardar pelo julgamento quando se suicidou. Um relatório dava conta que o corpo do acusado apresentava diversas fraturas no pescoço, consistentes com um suicídio por enforcamento.
Após a morte de Epstein, foram logo levantadas suspeitas de negligência até de homicídio contra a prisão de Nova Iorque.
Isto é só a ponta do iceberg… O pior está para se saber.
Muitos deles caíram no “honeypot trap” desse monstro. Por isso é que interessava a muita gente que ele desaparecesse muito rapidamente.