Depois de o SNMMP ter travado a greve que durava desde o dia 12, o sindicato volta à mesa de negociações com os patrões. A Antram diz que quer o mesmo acordo para todos os motoristas.
A Antram mostra-se intransigente e vinca que não quer conceder ao Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) condições diferentes daquelas oferecidas a motoristas de outros sindicatos.
O Expresso frisa que legalmente é possível fazer diferentes acordos com várias organizações sindicais, mas que a Antram não pretende discriminações entre trabalhadores de diferentes sindicatos. Assim sendo, aquilo que for acordado com, por exemplo, a Fectrans, será o mesmo compromisso pelo qual a entidade patronal se vai reger para o acordo com o SNMMP.
Uma das principais preocupações partilhada entre os dois sindicatos é o pagamento das horas extraordinárias. A Antram já se disponibilizou a alterar as condições dos contratos dos motoristas relativas a esta matéria.
No memorando assinado com a Fectrans, a Antram prevê um aumento de 70 euros no salário base em 2020, que acaba por se refletir num aumento de 120 euros, já que outros 50 euros vêm da subida de outras rubricas de remuneração. No entanto, há ainda arestas por limar no memorando, numa reunião agendada para a primeira semana de setembro.
A reunião entre o Governo e a Antram está marcada para as 12h desta terça feira no Ministério das Infraestruturas e Habitação, enquanto a reunião com o sindicato está prevista para as 16h. Estas realizam-se depois de, no domingo, num plenário em Aveiras de Cima, o sindicato ter decidido desconvocar uma greve que durava há sete dias.
Na moção aprovada durante o plenário, os motoristas decidiram mandatar a direção do sindicato para tomar medidas como “a convocação de greves às horas extraordinárias, fins de semana e feriados” caso a Antram “demonstre uma postura intransigente”.
Na segunda-feira, o SNMMP afirmou, em comunicado, que a greve terminou sem ter produzido “ainda” os resultados pretendidos e considerou que, apesar dos avanços alcançados, “as bases” para a negociação “ainda estão longe” do necessário.
“O Governo anunciou estar aberto o caminho para uma nova ronda negocial, à qual não vamos virar costas”, disse o SNMMP, no documento, considerando que “ficou claro” que o ponto de partida da mediação encontra-se “acima” daquele que se verificava antes da greve.
“Queremos negociar e, para o efeito, cumpriremos as condições exigidas para que a mediação reúna com todas as partes, mas não podemos mentir aos nossos associados e ao país: as bases que estão lançadas para essa negociação ainda estão longe do que precisamos para que os motoristas de cargas perigosas possam viver com a dignidade”, indicou o sindicato, na segunda-feira.
Por sua vez, a Antram congratulou-se, no domingo, com a desconvocação da greve e manifestou-se disponível para ouvir as “reivindicações legítimas” do SNMMP, mas dentro do suportável pelas empresas de transporte.
Em declarações à CMTV, o porta-voz da Antram, André Matias de Almeida, frisou que as empresas “não podem aceitar aumentos” salariais que possam representar “despedimentos coletivos em massa” ou o “fecho das empresas”.
No início da madrugada de sábado, após o falhanço de uma reunião que durou cerca de 10 horas no Ministério das Infraestruturas, a Antram considerou que a proposta então defendida pelo sindicato era “incomportável para as empresas” e discriminatória para os trabalhadores filiados nos outros sindicatos.
“O aumento que o sindicato quer, além de incomportável, é discriminatório face aos colegas associados da Fectrans [federação sindical afeta à CGTP) e do SIMM [Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias]”, afirmou então à Lusa o porta-voz da Antram.
André Matias de Almeida adiantou que o acordo alcançado em 17 de maio inclui um “subsídio de operações (subsídio de risco para manuseamento de matérias perigosas), para entrar em vigor em 2020, para os trabalhadores de matérias perigosas”.
“A proposta do SNMMP era de aumentar esse subsídio de operações 40% acima do protocolado em maio, no valor de 125 euros”, referiu o representante da Antram.
ZAP // Lusa