No dia em que arrancou a segunda greve do ano dos motoristas de Matérias Perigosas, reivindicando aumentos salariais, sobe de tom a guerra de palavras entre o representante desta classe e o porta-voz da associação patronal ANTRAM. Um braço-de-ferro entre advogados, com aspirações políticas pelo meio.
O porta-voz da Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM), André Matias de Almeida, acusa o colega advogado e porta-voz do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), Pardal Henriques, de ter “uma agenda pessoal” no âmbito do conflito laboral que está por trás da greve que arrancou nesta segunda-feira, 12 de Agosto.
“Este representante [Pardal Henriques] tem uma agenda pessoal e tem de sair imediatamente deste conflito porque nunca será possível chegar a acordo com quem procura o conflito“, realça, em declarações à Lusa, André Matias de Almeida que também é acusado de ter interesses políticos neste caso.
Matias de Almeida é militante do PS e foi nomeado pelo Governo
Além de ser militante do PS, André Matias de Almeida também foi nomeado pelo Governo socialista para o cargo de presidente do Conselho Geral do Fundo Autónomo à Concentração e Consolidação de Empresas (FACCE), em Maio de 2017, e para o cargo de presidente do Conselho Geral do Fundo Imobiliário Especial de Apoio às Empresas (FIEAE), em Junho desse mesmo ano.
As duas nomeações foram feitas pelo então secretário de Estado da Indústria, João Vasconcelos, conforme noticiou o Sol.
O mesmo semanário avançou que André Matias de Almeida é irmão de Bruno Matias Almeida, o actual adjunto do secretário de Estado da Economia, João Correia Neves.
Estes dados vieram ao de cima nesta altura do conflito entre a ANTRAM e os motoristas dado o protagonismo que André Matias de Almeida tem merecido nos media, como porta-voz da entidade patronal.
Pardal Henriques pode anunciar candidatura pelo PDR a 17 de Agosto
Do outro lado da barricada, Pardal Henriques surge como o homem do leme dos motoristas, embora nunca tenha conduzido um camião na vida. Por estes dias, também se noticiou que o advogado seria candidato do Partido Democrático Republicano (PDR) de Marinho e Pinto nas próximas eleições legislativas.
Marinho e Pinto não confirmou a candidatura, mas também não a desmentiu. Entretanto, o presidente do SNMMP, Francisco São Bento, assegurou na SIC Notícias que Pardal Henriques recusou fazer parte das listas do PDR.
Mas o Sol garante que o anúncio da candidatura de Pardal Henriques pelo PDR, como cabeça-de-lista por Lisboa, deverá ser feito a 17 de Agosto. Nessa altura, já a greve dos motoristas deverá ter terminado, segundo o semanário.
Pardal Henriques disse, numa entrevista recente, que foi contactado por mais Sindicatos, incluindo dos enfermeiros e dos polícias, para os representar nas mediações de conflitos laborais com o Governo.
O advogado que representa os motoristas acusa a ANTRAM de subornar motoristas para furarem a greve. “A ANTRAM não está a cumprir o que está combinado“, acusa Pardal Henriques, salientando que a entidade está “a subornar pessoas para quebrar os serviços mínimos”.
O porta-voz da ANTRAM nega esta versão e diz que o SNMMP “não respeita ninguém, não respeita o povo português e mente descaradamente quando acusa, sem qualquer respeito ou prova”.
André Matias de Almeida diz que o Sindicato “alimenta-se e vive do conflito” e alerta que a ANTRAM “não aceita nem aceitará qualquer negociação” que passe pelas condições exigidas pelos motoristas, pois isso ia “implicar despedimentos colectivos em massa e encerramentos de centros operacionais”.
“Aceitar 2.000 euros de salário/mês representaria o fecho de várias empresas nuns casos e despedimentos colectivos noutros”, alerta o advogado que representa os patrões.
Repetindo uma ideia já defendida por António Costa, André Matias de Almeida critica ainda o facto de se estar a lutar por salários de 2021. Além disso, realça que há motoristas que “não se revêem” na postura de Pardal Henriques, apelando à sua saída da mesa das negociações.
“Ainda que custe muito ao Dr.º André Almeida, vai ter que levar comigo até ao fim“, responde, por seu turno, Pardal Henriques.
SV, ZAP // Lusa
Está visto que no exercício de Advocacia, o Sr. Pardal está queimado. Tanto Ele como o Sr. André Matias, devem ser afastados das Negociações entre Trabalhadores e Patronato. Não passam de dois pirómanos políticos. É evidente que se não estivesse-mos em período pré Eleitoral, não se assistiria a tanta trampa, como temos suportado de parte desta corporação e outras. Esta em particular pode ter as suas razões, mas dez milhões de Portugueses tem as deles num período de repouso bem merecido como este mês de Agosto…… Oportunismo deste é condenável !
Conclusão: um é um vigarista e um criminoso condenado, o outro não!
“Aceitar 2.000 euros de salário/mês representaria o fecho de várias empresas nuns casos e despedimentos colectivos noutros”, alerta o advogado que representa os patrões.(…)”
Impor a todas as empresas o mesmo custo levaria a despedimentos coletivos e fecho de empresas!?! A necessidades mantêm-se os preços podem subir. O mercado é regulado e não permite contornar tal custo. Aliás, um dia poderá ser contornado, com a condução autónoma, mas nesse dia o problema não serão os 2.000 euros, podem até ser só 100 …
Ainda bem que não somos governados por quem diz estas baboseiras… ah… afinal somos.
Infelizmente todos os portugueses que trabalham, sublinhe-se, têm todo o direito, e o dever, de fazerem greve! Como foi dito por um gestor português (sim, também há bons gestores), a economia portuguesa só é competitiva pelos salários ao nível do 3.º mundo que são practicados. Se a isto juntarmos o terrorismo fiscal, a corrupção entre o poder político e económico, o assalto da banca a todos os contribuintes, as fundações, as ppps, as concessões, as portagens, as scuts, os compadrios, enfim… só por isto fundamentos de sobra para acabar com esta palhaçada de vez!