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Japão retira Coreia do Sul da lista de parceiros comerciais preferenciais. “Guerra económica”, respondem sul-coreanos

CSIS / Flickr

Shinzo Abe, Primeiro-ministro do Japão

O Japão decidiu nesta sexta-feira retirar a Coreia do Sul da lista de parceiros comerciais preferenciais por suspeitar que não são aplicadas medidas de segurança suficientes no setor tecnológico, num novo agravamento da tensão entre os dois países.

A medida foi aprovada pelo conselho de ministros do Executivo liderado por Shinzo Abe e alarga as limitações que Tóquio está a aplicar desde o início de julho passado aos materiais químicos básicos, que as empresas sul-coreanas compram para fabricar ecrãs e microchips de memória.

O Partido Democrata, que governa a Coreia do Sul reagiu no Twitter dizendo que esta foi uma “declaração de guerra económica”, acrescentando que as relações entre os dois países estão em “crise”. Tóquio é responsável por ter “ignorado as soluções diplomáticas”, apresentadas por Seul, e por ter “agravado a situação”, afirmou Moon Jae-in, em declarações transmitidas em direto pela televisão sul-coreana, antes do início de uma reunião do conselho de ministros.

“O Governo japonês é inteiramente responsável pelo que acontecerá em seguida”, sublinhou Moon Jae-in. Tóquio argumentou que estas restrições são tomadas por Seul não impedir a utilização destes materiais por países terceiros.

Sobre a decisão, o ministro do Comércio japonês, Hiroshige Seko, sublinhou que perder o estatuto comercial preferencial significa apenas que o tratamento dado à Coreia do Sul passa a ser um tratamento regular e que não deverá afetar as relações bilaterais.

Em vigor vai continuar a exigência de pedir aos exportadores japoneses licenças individuais para três materiais, usados na produção de semicondutores, smartphones e outros aparelhos de alta tecnologia, o que desencadeou protestos violentos e boicotes na Coreia do Sul.

Seko acrescentou que esta decisão era necessária para que o Japão pudesse fiscalizar as exportações por questões de segurança nacional e não pretendia ser uma retaliação à questão do trabalho sul-coreano durante a II Guerra Mundial.

Desde 2004 que a Coreia do Sul detinha este estatuto comercial especial, o de “país branco”, juntamente com um grupo de 26 países, incluindo os EUA, o Reino Unido, a Argentina, a Alemanha e a Austrália. Para a Coreia do Sul, a medida é uma represália do Japão, com raízes na colonização nipónica do país vizinho entre 1910 e 1945.

No final de 2018, o Supremo Tribunal sul-coreano determinou que as empresas japonesas presentes na Coreia do Sul tinham de pagar compensações a cidadãos coreanos, ou aos herdeiros, escravizados por aquelas companhias durante a II Guerra Mundial.

ZAP // Lusa

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