Os canais junto da central nuclear de Turkey Point, localizada a 40 quilómetros da cidade de Miami, no estado norte-americano da Flórida, tornaram-se o lar perfeito para centenas de crocodilos americanos (Crocodylus acutus).
De acordo com a agência AP, que avança com a notícia esta semana, a espécie caminhava para a extinção, mas a situação melhorou recentemente. Segundo o portal Live Science, estes animais estão agora a prosperar, tendo a espécie conseguido reproduzir-se ao ponto de passar de estar categorizada de “em perigo” para “ameaçada”.
O sistema de arrefecimento da central, com os canais artificiais de 270 quilómetros, tornou-se um dos três maiores habitats destes raros répteis nos Estados Unidos. Atualmente, centenas de crocodilos americanos vivem nas suas águas, representando cerca de 25% da totalidade de 2.000 espécimes existentes em todo o país.
A empresa Florida Power & Light, que administra a central nuclear, está a tentar aumentar a população de crocodilos americanos. Para isso, contratou uma equipa de biólogos que ajudam a proteger os répteis da caça e das mudanças climáticas. Os especialistas constroem ainda ninhos para os crocodilos e para as suas crias.
Na semana passada, a equipa capturou 73 filhotes destes crocodilos nos canais. Os filhotes foram medidos e foi-lhes implantando um micro-chip para que os cientistas possam continuar a acompanhar o seu desenvolvimento.
“Os crocodilos americanos têm má reputação, mas [estes animais] estão apenas a tentar sobreviver”, explicou Michael Lioret, um dos biólogos que trabalha na central, citado pela AP. “[Os crocodilos americanos] são tímidos e não querem nada connosco. Os seres humanos são grandes demais para estarem incluídos no seu cardápio”.
Os crocodilos americanos são nativos do sul da Flórida, sendo também encontrados em regiões costeiras da América Central e do Sul, bem como no Mar das Caraíbas.
De acordo com o Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos Estados Unidos, estes répteis podem crescer até aos seis metros de comprimento e pesar mais que 907 quilogramas, apesar de os indivíduos das populações dos EUA tendam a ser um pouco mais pequenos.
Tal como recorda o Live Science, foi a atividade humana que destruiu grande parte dos estuários que eram o habitat desta espécie durante o início do século XX, causando o seu declínio. Agora, as imediações desta central nuclear parecem ser o local perfeito para que estes espécimes possam recuperar – e não, os animais não são radioativos.