O número total de vagas para a 1.ª fase do ano letivo 2019/2020 quase nada mudou relativamente ao ano passado e, segundo o ministro do Ensino Superior, não há intenções de aumentar neste regime de acesso, mas sim nos restantes.
Esta quarta-feira, no mesmo dia em que foram abertas as candidaturas à 1.ª fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior público no ano letivo 2019/2020, foi também divulgada a lista de lugares disponíveis por instituição.
Para o ministro do Ensino Superior, a discussão em torno deste tema não deve passar pelo aumento de lugares disponíveis. Em entrevista ao Diário de Notícias, Manuel Heitor sublinhou que “não é preciso aumentar vagas (a nível global), pois já são mais do que candidatos”.
A prioridade é, ao invés das vagas, captar mais jovens para o ensino superior. Apesar de considerar os números positivos, ainda não são suficientes. “Não nos podemos dar por contentes. Por isso, estabelecemos a meta de ter seis (antes quatro) em cada dez jovens de 20 anos no ensino superior, até 2030.”
Desta forma, “mais do que as vagas, a mensagem é: venham estudar”, reitera Manuel Heitor, explicando que a intenção é fomentar cada vez mais as restantes vias de acesso, uma vez que “o concurso nacional representa apenas metade de todos aqueles que entram anualmente no ensino superior”.
As outras vias passam pelas formações curtas (oferecidas pelos politécnicos, para as quais entram todos os anos mais de sete mil jovens), para adultos e estrangeiros (estes últimos representam 13% do número total de estudantes no ensino superior, número que a tutela pretende ver aumentado para 20% nos próximos cinco anos), realça o matutino.
Para António Fontainhas, presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), “esta mensagem do ministro é muito importante”.
“Um jovem diplomado tem mais facilidade em arranjar emprego do que outro com baixa qualificação. É preciso acabar com esta motivação dos jovens, que acham que está tudo mal e que não vale a pena (seguir para as universidades). Um erro absoluto“, remata.
Creio que o Sr. Manuel Heitor, ministro do ensino superior, não é propriamente um camelo. E, como tal, deve saber – e se não souber deve informar-se – que no ano de 2030 a economia portuguesa necessita, não de licenciados, mas de um ensino médio portentoso, com elevada capacitação técnica numa das tecnologias ou sectores da 4ª revolução industrial e simultaneamente adequado à dimensão das empresas portuguesas e ao seu perfil remuneratório, que vai estar sempre de acordo com a dita dimensão e, portanto, nunca vai ser elevado e tenderá a crescer com atualizações a ritmos sempre inferiores a 5%. De modo que querer levar para as universidades e politécnicos 6 em cada 10 jovens é um erro de palmatória, é gastar recursos inutilmente, que fazem falta ao país, e escancarar cada vez mais as portas à emigração, levando os diplomados portugueses a exercer em países terceiros funções típicas de cursos médios, que correspondem a um ensino muito menos oneroso do que o superior mas muito mais produtivo. As boas empresas portuguesas já sabem esta ladainha de cor, aliás dificilmente dão emprego a um licenciado. Só o ministro parece desconhecê-la e podia facilmente fazer um estagio numa boa empresa alemã para saber como são e se passam as coisas. Portugal é tão cainho que nem copiar sabe e não planos nem ideias corretas para coisa alguma. Os governantes, esses estão a levar-nos a pouco e pouco para nova crise e mais um resgate.