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Von der Leyen apresentou um “ramalhete” de promessas no Parlamento Europeu. Votação marcada para as 18h

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Patrick Seeger / EPA

A candidata à presidência da Comissão Europeia comprometeu-se esta terça-feira a tornar a Europa o primeiro continente a alcançar a meta da neutralidade carbónica em 2050, indicando que irá apresentar um “acordo verde” nos primeiros 100 dias no cargo.

“O nosso desafio mais premente é manter o nosso planeta saudável. É a maior responsabilidade e oportunidade do nosso tempo. Quero que a Europa seja o primeiro continente neutro em carbono em 2050. Para que tal aconteça, temos de assumir metas mais ambiciosas. O nosso objetivo atual não é suficiente”, declarou Ursula Von der Leyen, diante do Parlamento Europeu (PE), em Estrasburgo.

Num discurso de mais de 30 minutos, proferido em francês, alemão e inglês, a candidata designada pelo Conselho Europeu para a presidência do executivo comunitário não deixou nenhum dos grandes temas europeus de fora, assumindo compromissos para agradar a socialistas, liberais e até aos Verdes, nomeadamente o de apresentar um “acordo verde” para a Europa nos primeiros 100 dias no cargo.

Evocando Simone Veil, a primeira mulher a presidir a assembleia europeia, a política alemã prometeu lutar por uma União Europeia mais justa, em que “ninguém fica para trás”, e em que seja a “economia a servir os cidadãos” e não o inverso.

Nesse sentido, Von der Leyen mostrou-se preparada para assegurar um salário mínimo justo em todos os Estados-membros, “uma maior proteção para aqueles que perdem o seu emprego em tempos de crise”, e um maior apoio a crianças e jovens, designadamente ao ir ao encontro da ideia do PE de triplicar o orçamento do Erasmus no próximo Quadro Financeiro Plurianual.

A ainda ministra alemã da Defesa tentou “seduzir” a bancada dos Socialistas e Democratas (S&D), comprometendo-se a completar a União de Capitais, a recorrer à flexibilidade do Pacto de Estabilidade e Crescimento e a taxar os gigantes tecnológicos a operar na União Europeia, três das bandeiras defendidas pelos socialistas.

“Não deve haver qualquer compromisso quanto ao respeito pelo Estado de Direito. A Comissão irá defender o Estado de Direito sempre que for atacado”, garantiu, afastando as dúvidas expressas por socialistas e liberais na passada semana, após a ronda de consultas da candidata com os grupos políticos em Bruxelas.

Também no que toca às migrações, Von der Leyen foi perentória: “No mar, há o dever de salvar vidas. E nos nossos tratados e convenções há o dever moral de respeitar a dignidade humana. A UE deve salvar, mas salvar não é suficiente. Temos de combater o crime organizado, melhorar a situação de refugiados”. Para a alemã, a UE precisa de “empatia”, pelo que proporá um novo Pacto de Migrações e Asilo.

“Temos de modernizar o nosso sistema de asilo, um sistema de asilo comum tem de ser isso mesmo, comum. Precisamos de solidariedade e uma nova forma de partilha de responsabilidade”, completou, revelando que há quatro anos acolheu um refugiado sírio, de 19 anos, em sua casa, e que este se tornou “uma inspiração para todos”.

Numa declaração muitas vezes aplaudida, e “recheada” de promessas, a candidata indigitada pelo Conselho Europeu em 2 de julho assegurou que a sua Comissão Europeia será paritária. “Se os Estados-membros não propuserem mulheres, não hesitarei em pedir outro nome”, asseverou, antes de anunciar a intenção de incluir a violência contra mulheres nos crimes previstos nos tratados europeus.

O momento mais tenso da intervenção de Ursula Von der Leyen diante dos eurodeputados aconteceu com a referência à saída do Reino Unido da União Europeia, com os britânicos a aplaudirem quando a política alemã lamentou o Brexit e a apuparem quando se mostrou disponível a adiá-lo para lá de 31 de outubro.

O Parlamento Europeu vota esta terça-feira, às 18h00 horas (menos uma hora em Lisboa) a nomeação da alemã Ursula von der Leyen, candidata designada pelo Conselho Europeu, para a presidência da Comissão Europeia.

Extrema-direita vota contra Von der Leyen

O novo grupo Identidade e Democracia (ID) anunciou, de acordo com a SIC Notícias, que vai votar contra a nomeação da alemã Ursula Von der Leyen para a presidência de Comissão, uma declaração de intenções que levou a candidata a congratular-se.

Após ouvir a declaração da candidata indigitada pelo Conselho Europeu, o vice-presidente daquele grupo, que integra partidos de extrema-direita, nomeadamente a Liga de Matteo Salvini e a União Nacional de Marine Le Pen, comunicou que, “após estudar profundamente” as propostas de Von der Leyen, o Identidade e Democracia chegou à conclusão de que a política alemã “não está à altura das circunstâncias exigidas para desempenhar a função”.

“Hoje, apresentou aqui um ‘ramalhete’ de promessas que soam bem, mas que não são mais do que promessas de um político com dupla identidade e que quer satisfazer a todos”, acusou Jörg Meuthen, notando as “contradições flagrantes” da sua intervenção.

O eurodeputado do partido político alemão de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) criticou o facto de as propostas da sua compatriota para a presidência do executivo comunitário se centrarem “na centralização, na arrogância e em mais impostos“, carecendo de uma visão “moderna”.

O ID ainda não tinha anunciado o seu sentido de voto na votação, mas a perda de 73 votos, o número de eurodeputados daquele grupo, não pareceu preocupar Ursula Von der Leyen.

Na semana em que Ursula von der Leyen, de 60 anos, médica e mãe de sete filhos, se reuniu com os grupos parlamentares europeus, foi também natural alvo de curiosidade fora de Bruxelas. Até a sua participação, há uma década, num programa de TV, em que é retirada de um caixote do lixo pelo ator Hugh Jackman, foi objeto de partilha e de comentários.

Ursula von der Leyen precisa agora de apoio para vencer a votação agendada para a próxima terça-feira, na qual o seu nome tem de ser aprovado por maioria absoluta dos 751 eurodeputados.

Se a eleição da ministra alemã falhar, cabe ao Conselho Europeu a responsabilidade de apresentar uma nova candidatura, no prazo de um mês, em decisão a tomar por maioria qualificada.

ZAP // Lusa

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1 Comment

  1. deveriam perguntar à sra, se existissem ainda jornalistas, o que a mesma esteve a fazer há umas semanas na Suiça na reunião do bilderberg, onde óbviamente a escolha foi feita e o resto é conversa da treta.

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