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Leões criados em massa na China e na África do Sul para abastecer medicina tradicional

Um relatório da organização World Animal Protection mostra que, na África do Sul e na China, uma grande quantidade de leões e tigres são criados em herdades que não têm condições para os tratar. O intuito é responder à procura desses felinos para serem usados na medicina tradicional.

À medida que as investigações esclarecem as condições dentro de grandes propriedades onde leões e tigres são mantidos em jaulas e criados para serem mortos, as revelações são cada vez piores, segundo noticiou a All That’s Interesting (ATI).

De acordo com um relatório da ONG World Animal Protection, citado pela ATI, a procura por medicamentos tradicionais que utilizam partes desses felinos no sudeste da Ásia está a alimentar um ‘boom’ nessas herdades, que são encontradas principalmente na África do Sul e na China.

O relatório, que será apresentado na próxima Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas da Fauna e da Flora Silvestres (CITES), em agosto, fornece uma visão geral do tratamento a que esses felinos são submetidos nessas herdades de criação.

Para começar, os alojamentos não são adequados para abrigar um grande número de felinos de uma só vez. O relatório descreve as instalações na China como “herdades industriais”, onde os tigres são colocados em pequenos recintos de concreto. Em algumas, os criadores colocam os leões em jaulas individuais e dão aos animais uma quantidade limitada de comida e água, o suficiente para sobreviverem.

Essas condições são extremamente prejudiciais para o bem-estar desses felinos, tendo os investigadores encontrado evidências dos efeitos de tais práticas. Descobriram que a maioria dos animais mantidos nesses locais apresentava sinais de comportamento anormal, como a autoagressão, mordendo os seus próprios membros ou a cauda.

Os filhotes que nascem dentro dessas instalações têm geralmente deformações físicas ou são nados-mortos, situação causada, provavelmente, pela endogamia que ocorre dentro dos recintos apertados.

De acordo com o relatório, os filhotes consanguíneos geralmente sofrem de deformidades nos pés, nas pernas e nos rostos, o que os impede de agir consoante os seus instintos predatórios naturais. Além disso, em resultado das deformidades, esses animais têm problemas com a visão, a respiração, a audição e até a mastigação.

As deformidades resultam quando as fêmeas são forçadas a ter até quatro ou cinco ninhadas a mais do que normalmente teriam na natureza, devido à velocidade de reprodução praticadas nas herdades. Os animais são criados, mortos e vendidos em grande número para acompanhar as exigências do comércio de medicamentos tradicionais.

A medicina tradicional, que usa partes do corpo dos grandes felinos – como os ossos, os membros e a pele -, ainda é uma prática popular em países como o Vietname, a China, a Tailândia e o Laos, de onde vem a maior parte da procura.

Além das investigações sobre os locais onde esses grandes felinos são criados, o relatório inclui uma pesquisa sobre as atitudes dos consumidores, encorajando-os a trocar os medicamentos tradicionais feitos com partes dos felinos por alternativas sintéticas.

Contudo, a organização constatou que a maioria dos consumidores desses países ainda acredita nos benefícios medicinais desses remédios tradicionais, apesar da falta de evidências científicas que comprovem isso.

As maiores exportações entre 2007 e 2016 da África do Sul, onde existem cerca de 244 instalações que mantêm entre seis e oito mil leões e 280 tigres em cativeiro. Pelo menos 70 toneladas de ossos foram enviadas para fora do país durante esse período de oito anos.

Embora o relatório sugira que há uma correlação entre o número de operações agrícolas em expansão e o número decrescente de populações de animais selvagens fora do cativeiro, alguns críticos acreditam que isso seja falso.

Um estudo em particular descobriu que as grandes herdades de felinos têm efeitos insignificantes sobre as populações de animais selvagens. Alguns argumentam que esses locais podem realmente proteger as populações selvagens, uma vez que o suprimento para o comércio de animais pode ser realizado através da criação em vez da caça furtiva.

Ainda assim, a realidade é que essas herdades são destrutivas, e os efeitos que têm nos felinos são a prova disso.

TP, ZAP //

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