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Trump é “inapto e inseguro”. Mensagens de embaixador britânico publicadas sem autorização

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Oliver Contreras / EPA

O Presidente dos EUA, Donald J. Trump

Kim Darroch considera o Presidente dos Estados Unidos “inapto” e “inseguro”. Donald Trump já respondeu às declarações, considerando que o embaixador britânico não serve bem o Reino Unido.

As mensagens publicadas sem autorização, este domingo, pelo jornal Mail on Sunday mostram a opinião do embaixador britânico nos Estados Unidos, Kim Darroch, sobre o Presidente Donald Trump, considerando-o “inapto” e descrevendo-o como muito fragilizado por lutas internas e sem condições de melhorar desempenho.

“Não acreditamos realmente que esta Administração se torne substancialmente mais normal; menos disfuncional; menos imprevisível; menos dividida; menos diplomaticamente inapta”, escreveu o diplomata de 65 anos num dos documentos divulgados.

Os documentos confidenciais cobrem o período de 2017 até ao presente. Num dos documentos mais recentes, de junho deste ano, Darroch critica a política de Trump relativa ao Irão como “incoerente e caótica”, referindo-se à retirada, em 2018, dos EUA do acordo sobre energia nuclear assinado com o Irão e vários países da Europa.

O diplomata questiona até a veracidade das declarações do Presidente sobre ter cancelado a operação por implicar a morte de 150 pessoas no Irão. “É mais provável que nunca tenha estado totalmente convencido e que estivesse preocupado com a forma como a inversão das suas promessas de campanha de 2016 seriam vistas em 2020”, cita o Público.

“Temos dúvidas sobre se a Casa Branca parecerá alguma vez competente“, afirmou Kim Darroch, adiantando que a única forma de comunicar com o Presidente norte-americano é ser muito simples e direto.

O embaixador referiu-se ainda à visita de Trump ao Reino Unido, em junho passado, dizendo que o Presidente norte-americano ficou “deslumbrado” com a pompa britânica das reuniões com a rainha Isabel II, mas avisou que Trump não mudará, por isso, nenhuma das suas prioridades. “Esta ainda é a terra da ‘Primeiro a América'”, refere.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido não contestou a autenticidade dos documentos, considerando que a sua divulgação constituiu um “comportamento pernicioso”. “Os britânicos podem esperar que os embaixadores forneçam aos ministros uma avaliação honesta e crua das políticas dos países onde se encontram”, mas que “as suas opiniões não são necessariamente as opiniões dos ministros ou governo”, disse uma porta-voz do ministério.

Trump responde a Darroch

Em reação às declarações de Darroch, Trump comentou: “O embaixador não serve bem o Reino Unido. Posso dizer-vos isso. Não somos grandes fãs desse homem. Até podia dizer algumas coisas sobre ele mas não me vou incomodar”, cita a CNN.

Estas mensagens são conhecidas numa altura em que o ministro Jeremy Hunt disputa o lugar de Theresa May à frente do Partido Conservador e da chefia do Governo britânico com Boris Johnson, sendo que o ex-mayor de Londres é visto como alguém que conseguirá um relacionamento muito mais próximo com Trump. Se Johnson ganhar a corrida, é esperado que possa apressar a substituição de Darroch.

Segundo o Expresso, a estação norte-americana considera que a divulgação das mensagens levará a especulações de que terá sido um ato politicamente motivado por alguém em Londres com intenção de libertar espaço em Washington para um embaixador abertamente pró-Brexit.

De acordo com o Público, que cita o jornal The Guardian, este episódio originou um debate sobre o substituto de Darroch. Há relatos de que Mark Sedwill, um diplomata a trabalhar como chefe de gabinete no Governo de May, se está a preparar para o cargo.

No entanto, o grande destaque vai para o grande defensor do Brexit, Nigel Farage, que já pediu a renúncia imediata do atual embaixador e que tem grande apoio de Trump. Recorde-se que, depois da sua eleição em 2016, o Presidente afirmou que Farage seria um excelente embaixador britânico nos EUA.

Segundo o jornal britânico, a jornalista responsável pela publicação dos documentos, Isabel Oakeshott, é próxima de Farage e já foi acusada anteriormente de não publicar informação importante e pertinente por poder prejudicar os seus contactos com políticos do Brexit, uma informação que a jornalista desmente.

ZAP // Lusa

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