Os protestos voltaram a Hong Kong. Vários manifestantes estão reunidos, esta segunda-feira, à porta da Assembleia Legislativa da região para assinalar o 22º aniversário da transferência da soberania do Reino Unido para a China.
Nesta data, costumam organizar-se manifestações pró e anti China. Mas os protestos do último mês, que levaram centenas de milhares de pessoas às ruas para pedir que a lei de extradição não avançasse, aqueceram os ânimos e transformaram a data numa espécie de sequela dos protestos de junho.
Vários manifestantes tentaram até invadir o edifício da Assembleia Legislativa. Recorrendo a um carrinho de supermercado metálico, os manifestantes tentaram forçar a entrada no edifício da Assembleia, até agora sem sucesso.
Muitos dos vidros que compõem a fachada principal do edifício estão partidos mas apenas do lado de fora. Da parte de dentro, a polícia de choque, que começou por utilizar gás lacrimogéneo, vai avisando que se os ânimos não esfriarem terá de recorrer à violência para reprimir o protesto. Pelo menos uma pessoa apresentava ferimentos na cabeça.
De acordo com a AFP, pelo menos três avenidas da cidade foram invadidas por jovens manifestantes que começaram a montar barricadas, numa altura em que é esperada uma nova manifestação esta tarde.
A 1 de julho de 1997, Hong Kong, que esteve 156 anos sob domínio britânico, regressava à soberania chinesa. Tal como eu Macau, dois anos depois, a transferência de soberania decorreu sob o princípio “um país, dois sistemas”, precisamente o que os opositores às alterações da lei garantem estar agora em causa.
Para as duas regiões administrativas especiais da China foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judiciário, sendo o Governo central chinês responsável pelas relações externas e defesa.
Nas últimas semanas, centenas de milhares de pessoas saíram às ruas de Hong Kong para protestar contra uma lei que permitiria a Carrie Lam e aos tribunais de Hong Kong processar pedidos de extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios. Os suspeitos de crimes podiam ser extraditados do território de Hong Kong para países como a China.
Carrie Lam é conhecida por liderar o território de Hong Kong de forma fria e dura, sem demonstrar emoções. No entanto, os protestos surtiram efeito porque a líder da região recuou e cancelou a lei de extradição.
Além disso, admitiu que as “deficiências” no trabalho do governo levaram a “substanciais controvérsias”, que desapontaram o povo. Nesse dia, muitos manifestantes disseram que a posição de Lam não foi sincera e continuaram os protestos.