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Nuvens brilhantes invadiram o céu de Espanha. Foi um “espetáculo quase inédito”

Este fim de semana, as nuvens noctilucentes (que em latim significa “brilho noturno”) ou nuvens mesosféricas polares foram vistas em Espanha.

Surgem antes do amanhecer ou depois do pôr do sol, a sua cor varia normalmente entre o prateado e o azul elétrico e são um fenómeno comum durante o verão nas áreas mais altas do hemisfério norte. Contudo, desta vez, invadiram os céus do nosso país vizinho.

O fenómeno foi captado em várias regiões como Pamplona, Saragoça, La Rioja, Sória, Santander, Pirenéus, mas também mais a sul, em Madrid. Não é a primeira vez que estas nuvens luminosas são vistas na Península Ibérica mas nunca tinham sido avistadas em tantos lugares diferentes, de acordo com Ruben del Campo, um especialista em nuvens e porta-voz da Agência Estatal de Meteorologia de Espanha.

As nuvens noctilucentes são as mais altas da atmosfera terrestre, uma vez que se situam em altitudes entre os 75 e os 90 quilómetros. No entanto, o seu mecanismo de formação ainda não está totalmente explicado. Os investigadores acreditam que as nuvens noctilucentes são constituídas por cristais de gelo extremamente pequenos, podendo formar-se a partir das poeiras cósmicas, como por exemplo restos de meteoritos que se desintegram ao entrar na atmosfera.

O fenómeno, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), muitas vezes confundido com outro tipo de nuvens chamado cirros ténues. No entanto, estas nuvens estão mais altas na mesosfera, quando grande parte das nuvens se forma na troposfera, a camada atmosférica mais próxima do solo.

“Quando a parte mais baixa da atmosfera já escureceu, as mais altas continuam iluminadas por um sol já oculto no horizonte”, aponta o Ruben Del Campo, que chamou ao fenómeno um “espetáculo quase inédito”.

Apesar de ainda não haver uma resposta clara sobre o motivo para estas nuvens terem sido vistas em Espanha, o investigador espanhol explica que “o mais provável é que tenham estado mais brilhantes que o habitual”.

O fenómeno foi descrito pela primeira vez em 1885, dois anos depois da erupção do vulcão Krakatoa, na Indonésia, que lançou para a atmosfera toneladas de vapor de água, o que pode ter contribuído para aumentar o brilho destas nuvens e permitir uma melhor observação.

Ao El País, Josep María Trigo Rodríguez, astrónomo e astrofísico de Ciências do Espaço do Conselho Superior de Investigação Científica de Espanha, indicou que “às vezes com um único evento meteórico suficientemente grande, como por exemplo um bólido [meteoritos brilhantes e inflamados], poderia justificar-se algo assim, mas não parece tão luminoso”.

ZAP //

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