Militantes do PS escreveram a Costa para afastar líder distrital de Castelo Branco

Hortense Martins / Facebook

A deputada do PS Hortense Martins

Em Castelo Branco, há militantes socialistas descontentes com a “crescente falta de credibilidade do PS” e apontam o caso da presidente da distrital do PS, Hortense Martins.

Os militantes dizem que a deputada “não reúne condições políticas para continuar, em nome do partido, a representar na Assembleia da República os cidadãos deste distrito” por estar envolvida numa investigação judicial por subsídios ilegais.

“Em plena campanha eleitoral para o Parlamento Europeu, o país foi confrontado com notícias de que a presidente da federação distrital e deputada à Assembleia da República beneficiou de financiamentos públicos para dois projetos turísticos em circunstâncias pouco claras, designadamente quanto à elegibilidade temporal”, referem numa carta escrita a António Costa, divulgada pelo jornal Público.

Os socialistas de Castelo Branco aludem a uma investigação obre a deputada e coordenadora do PS para a área do turismo do PS que conseguiu fundos europeus para projetos familiares concluídos há muito quando as regras eram claras: só podiam ser aprovados subsídios para obras que não estivessem concluídas. Porém, Hortense Martins obteve apoios de mais de 275 mil euros destinados a projetos turísticos que estavam a funcionar.

“Os militantes do PS do distrito de Castelo Branco, abaixo identificados, entendem ser sua obrigação política expressar o seu profundo mal-estar e genuína preocupação com a situação do partido no distrito”, sublinha a carta, referindo que os “casos que envolvem militantes e dirigentes do PS em investigações judiciais, por alegada obtenção de benefícios pessoais com dinheiros públicos, são casos que flagelam a imagem do PS a todos os níveis: local, distrital e nacional”.

Numa carta, os militantes evidenciam a falta de “uma resposta cabal” por parte da presidente da distrital. “Infelizmente, a resposta tem-se resumido à alegação genérica de campanhas difamatórias, sem qualquer esclarecimento claro sobre as matérias noticiadas, que pudesse contribuir para afastar a ideia de que houve comportamentos eticamente reprováveis”, apontam.

Assinada por 20 militantes, a missiva considera que “este tipo de postura, além de demonstrar uma clara falta de capacidade política de resposta e desconsideração pelo escrutínio natural a que devem estar sujeitos os responsáveis políticos, reforça nos cidadãos a perceção e um padrão de comportamento, como se os políticos fossem todos iguais, e de uma certa impunidade, que não são consentâneos com os princípios que norteiam o partido, a ética e a moral”.

Ao mesmo jornal, Hortense Martins lamentou que a discussão estivesse a ser feita “em praça pública” e disse que as as pessoas que subscreveram a carta “não representam órgãos do partido”.

Abel Rodrigues, Armindo Taborda, João Carvalhinho (ex-vereador em Castelo Branco e gestor de empresas municipais), Maria Alzira Serrasqueiro (antiga governadora civil), Bruno Ramos, Carla Massano, Fernando Raposa, Maria do Carmo Sequeira (ex-autarca em Vila Velha de Ródão), Valter Diogo são alguns dos subscritores do documento, que visa afastar a atual presidente.

O facto de ser mulher encaixa na pretensão de Costa de fazer listas paritárias para as legislativas. Hortense Martins é a única mulher a presidir a uma distrital do PS, cumprindo o terceiro mandato.

ZAP //

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