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Pizarro terá prometido influenciar o Governo para beneficiar arguido da Operação Teia

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Mário Cruz / Lusa

O candidato do Partido Socialista (PS) à Câmara Municipal do Porto, Manuel Pizarro

O atual presidente da Federação do PS do Porto, Manuel Pizarro, terá prometido a Joaquim Couto, ex-presidente da Câmara de Santo Tirso e arguido na Operação Teia, que iria exercer influências sobre o Governo para que Laranja Pontes fosse reconduzido na presidência do IPO-Porto, escreve o Observador.

De acordo com o jornal, que avança com a notícia esta sexta-feira, Manuel Pizarro terá prometido a Joaquim Couto exercer influência sobre Mário Centeno, atual ministro das Finanças, e Aldaberto Campos Fernandes, antigo ministro da Saúde, para que alterassem a lei da limitação dos mandatos que impedia a recondução de Laranja Pontes no IPO-Porto.

Laranja Pontes, que estava à frente da presidência do IPO do Porto desde 2015 e em gestão corrente do mesmo desde 2017, tinha o lugar em risco devido ao novo regime jurídico das Entidades Públicas Empresariais do Serviço Nacional de Saúde aprovado pelo Governo de António Costa, conta o matutino.

De acordo com este regime, os membros dos conselhos de administração passam a ter um mandato de três anos, podendo apenas ser reconduzidos uma vez. Ou seja, com a entrada em vigor do decreto-lei em janeiro de 2017, Laranja Pontes não poderia ser reconduzido.

A PJ do Porto suspeita, segundo adianta o Observador, que Laranja Pontes terá procurado a influência de Joaquim Couto, um autarca socialista histórico e dirigente nacional do PS, junto do Governo socialista para ser reconduzido.

Por sua vez, Joaquim Couto terá recorrido a Manuel Pizarro, ex-secretário de Estado da Saúde, para tentar influenciar o Governo e até, alegadamente, o primeiro-ministro.

Sabe o Observador que Manuel Pizarro e Joaquim Couto tiveram vários contactos para discutir a melhor maneira de reconduzir Laranja Pontes, e terá sido mesmo o presidente do IPO a incentivar Couto a falar com Pizarro, de forma a que ambos falassem com António Costa durante o XXII Congresso do PS, que decorreu no fim de maio de 2018.

Para garantir a recondução de Laranja Pontes, Manuel Couto terá ainda tentado juntar Manuel Pizarro com Luísa Salgueiro, presidente da Câmara de Matosinhos, e José Luís Carneiro, secretário de Estado das Comunidades e antigo autarca de Baião.

O antigo autarca de Santo Tirso terá planeado convencer o primeiro-ministro de que, aquando da imposição da limitação de três mandato, ficou definido que a contagem só se iniciava a partir da entrada em vigor da lei – ou seja, os mandatos cumpridos não contariam para este cálculo.

Contudo, a lei definia já que quem já tivesse cumprido três mandados consecutivos à data da entrada em vigor da lei poderia recandidatar-se a um último mandato. Apesar dos planos, os contactos com António Costa não terão chegado a acontecer: nem Luísa Salgueiro, nem José Luís Carneiro se terão disponibilizado para falar com o líder socialista.

O jornal recorda que o alegado interesse de Joaquim Couto em reconduzir Laranja Pontes estaria associado aos contratos que o IPO-Porto tinha firmado com a sua esposa, Manuela Couto, também arguida na Operação Teia. A saída de Laranja Pontes iria ditar o fim dos serviços prestados por Manuela Couto à unidade hospitalar.

Estes são alguns dos indícios que o Ministério Público e a Diretoria do Norte da PJ apresentaram aos arguidos durante os primeiros interrogatórios e são uma parte da fundamentação dos alegados crimes de corrupção que são imputados a Joaquim Couto, à sua mulher Manuela Couto e a Laranja Pontes no âmbito da Operação Teia.

Pizarro nega participação “direta ou indireta”

Questionado pelo jornal, Manuel Pizarro diz desconhecer “qualquer aspeto relacionado com a Operação Teia” para além do que tem sido descrito pela comunicação social. “Não tive nenhuma participação, direta ou indireta, em nenhum desses acontecimentos”, garante.

Mário Centeno, através da assessoria de imprensa do Ministério das Finanças, disse que “nunca falou com o dr. Manuel Pizarro sobre as matérias enunciadas”.

Fonte próxima de Adalberto Campos disse que a alteração legislativa que daria a recondução a Laranja Pontes nunca foi ponderada ou sequer equacionada pelo Ministério da Saúde. “Isso não tem pés nem cabeça”, frisa, citada pelo diário.

O Observador tentou, sem sucesso, contactar Nuno Brandão, advogado que representa Joaquim e Manuela Couto na Operação Teia, centrada nas autarquias de Santo Tirso e Barcelos bem como no IPO do Porto e nas empresas de Manuela Couto.

As autoridades investigam suspeitas de corrupção, tráfico de influência e participação económica em negócio, traduzidas na “viciação fraudulenta de procedimentos concursais e de ajuste direto”, segundo comunicado da Diretoria do Norte da Polícia Judiciária, o órgão de polícia criminal que apoia o Ministério Público neste caso.

ZAP //

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2 Comments

  1. grandes porcalhões! A Rosa Mecânica a trabalhar em pleno! Falta pouco para conseguirem mandar o país para a sarjeta – mais uma vez!

  2. Poder-se-ia afirmar que o PS – dado as notícias de corrupção, nepotismo, abuso do poder, cambalachos e uma miríade de falcatruas que diária e habitualmente vêm a lume – vive uma crise de valores. Contudo e mais consentânea com a realidade, não seria afirmar a INEXISTÊNCIA DE VALORES NO PS ??

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