O relatório Robert Mueller acusa a Rússia de interferir nas eleições de 2016, mas Putin garante que Rússia “nunca se intrometeu, não se intromete e nunca se intrometerá em nenhuma eleição”.
O Presidente russo, Vladimir Putin, garantiu esta quinta-feira que o seu Governo nunca se intrometeu nas eleições de 2016 nos Estados Unidos e pediu “regras comuns” para evitar interferências nos assuntos internos de outros países.
Numa conferência de imprensa com diretores de agências noticiosas internacionais, em São Petersburgo, Putin garantiu que o seu Governo “nunca se intrometeu, não se intromete e nunca se intrometerá em nenhuma eleição”.
Desta forma, Putin respondeu ao relatório do procurador especial norte-americano Robert Mueller, que recentemente apresentou provas dessa interferência, acusando 12 agentes de inteligência militar russa de invadir o correio eletrónico de membros do Partido Democrata e de usarem contas falsas nas redes sociais, para influenciar o voto dos eleitores.
“Na Rússia temos a Internet. E os cidadãos russos naturalmente reagem. Exprimem o seu ponto de vista (sobre os candidatos presidenciais nos EUA). Devemos proibir isso? Nos vossos países proíbem os vossos cidadãos de fazer isso sobre a Rússia?”, inquiriu Putin sobre a hipótese de utilizadores russos terem difundido opiniões sobre as eleições de 2016 nos EUA.
Em tom de contra-ataque, Putin acusou os Estados Unidos de interferirem na Venezuela e pediu para que se adotem “regras comuns”, para evitar a tentação de os governos se imiscuírem na vida política de outros países.
“Acordemos regras comuns, estabeleçamos um sistema de controlo, de verificação, de trabalho conjunto”, desafiou o Presidente russo.
Sem dizer que tal é impossível, Putin disse duvidar que haja muitos países a aceitar essas regras, porque “querem conservar em seu poder as ferramentas” de interferência, mas “negam aos outros o direito a usar esses instrumentos”.
“As coisas não se fazem assim internacionalmente. Na arena internacional os problemas são resolvidos através do diálogo, tendo em conta os interesses dos outros”, afirmou o Presidente russo, na conversa com os diretores das agências noticiosas.
Putin disse mesmo que já tinha testado esta ideia junto do Governo do então Presidente norte-americano Barack Obama, mas sem sucesso. E pegou no tema da atitude da Casa Branca para repetir as acusações de interferência norte-americana na crise venezuelana.
Referiu ainda que as sanções dos Estados Unidos contra a Venezuela estão a atingir diretamente os cidadãos e concluiu que “a crise venezuelana deve ser resolvida pelo povo venezuelano”, criticando a tentação de uma intervenção externa.
Putin confirmou que tem apoiado Nicolás Maduro, Presidente eleito da Venezuela, mas disse que se sente “absolutamente neutro” relativamente ao líder da oposição, Juan Guaidó, descrevendo-o como uma “pessoa simpática”, mas cujas reivindicações podem prejudicar o seu próprio país.
ZAP // Lusa