O vogal do Conselho Diretivo eleito pelos representantes dos beneficiários da ADSE, Eugénio Rosa, adiantou ao jornal Eco que as novas tabelas de preços estão “quase finalizadas” e que serão apresentadas até ao final do mês.
Depois de os utentes se terem queixado do silêncio da ADSE e de o prazo (15 de abril) apontado pela própria direção ter sido ultrapassado, o responsável garante que as novas tabelas estão prontas ainda no mês de maio.
Em declarações ao Eco, Eugénio Rosa assegura que as novas tabelas estão já na “fase final”, recordando que este é um “processo lento” que exige um “trabalho imenso”. O responsável observa que este trabalho irá tabelar “milhares de preços”.
O novo documento será apresentado aos prestadores privados, que poderão fazer sugestões ou reparos. A nova tabela deverá acabar com as regularizações, sendo composta por preços fechados, escreve o diário. As regularizações fizeram agravar as tensões entre alguns grupos privados e a ADSE, depois do subsistema de saúde dos funcionários públicos exigir 38 milhões de euros por faturação excessiva.
Alguns privados, como os grupos Luz Saúde e José de Mello Saúde, chegaram mesmo anunciar que iam suspender as convenções com a ADSE, tendo recuado na decisão pouco depois, quando a ADSE mostrou abertura para negociar.
“Falta de transparência e opacidade”
A Associação 30 de Julho, que representa beneficiários da ADSE, rejeitou esta quarta-feira os “alarmismos catastrofistas” de que o sistema de saúde dos funcionários públicos vai acabar e criticou a gestão do instituto público acusando-a de “opacidade”.
Em conferência de imprensa em Lisboa, o presidente da associação, Carlos Mamede, sublinhou a “grande preocupação” dos beneficiários com a sustentabilidade da ADSE, devido aos “alarmismos catastrofistas que insistem em anunciar a extinção imediata ou a insolvência a médio prazo da ADSE”.
“Pelo contrário, o sistema é e será sustentável desde que bem gerido”, defendeu Carlos Mamede, apontando críticas de “falta de transparência e opacidade” ao conselho diretivo liderado por Sofia Lopes Portela, mas também ao Governo.
A ADSE é financiada pelas contribuições dos cerca de 1,2 milhões de beneficiários que “têm direito a ser informados sobre a gestão da ADSE” e o que se vê é “uma total opacidade em relação à gestão” do sistema de saúde, “o que é muito preocupante”, disse Carlos Mamede.
Para o dirigente “é incompreensível” que o alargamento do sistema de saúde aos contratos individuais da administração pública, “uma medida com que todos concordam” e “indispensável para a sustentabilidade do sistema”, ainda não esteja legislado.
Segundo considerou, “uma boa gestão da ADSE também passa por um bom sistema de auditoria e combate à fraude e por concluir as negociações que começaram depois do conflito de fevereiro com os prestadores privados de saúde que precisam de ser concluídas com a aprovação de tabelas com preços fechados”.
O valor da regularizações dos prestadores privados referentes a 2017 e 2018 continua por apurar, assim como o montante final negociado para as relativas a 2015 e 2016, adiantou o responsável.
A associação exige ainda recursos qualificados e instrumentos de gestão, nomeadamente novos sistemas informáticos, que acabem com os atrasos nos reembolsos das comparticipações aos beneficiários que, em alguns casos, “são superiores a seis meses”.
A publicação do relatório e contas relativo a 2018 e do plano de atividades para 2019 pelo conselho diretivo da ADSE é outra das exigências da associação.
A Associação 30 de julho foi criada em 2016, aquando da discussão da passagem da ADSE de direção-geral a instituto público, e conta com 1.066 associados, em que cerca de 60% são pensionistas do Estado e perto de 40% são trabalhadores da administração pública, explicou Carlos Mamede.
ZAP // Lusa