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Myanmar liberta jornalistas da Reuters presos por investigarem o massacre dos rohingyas

Lynn Bo Bo / EPA

Dois jornalistas da agência Reuters presos em Myanmar por violarem a lei do segredo de Estado, na sequência de uma investigação sobre o massacre dos rohingya, foram esta terça-feira libertados, informou a administração prisional.

De acordo com o chefe da prisão de Insein, Zaw Zaw, os dois jornalistas foram libertados na manhã desta terça-feira depois de o Presidente de Myanmar (antiga Birmânia), Win Myint, ter perdoado 6.520 presos.

O Presidente de Myanmar, Win Myint, perdoou milhares de outros prisioneiros em amnistias em massa desde o mês passado. É tradição libertar prisioneiros em todo o país na altura do Ano Novo, que começou a 17 de abril.

Ao atravessarem os portões da Prisão de Insein, Wa Lone levantou o polegar e mostrou-se grato pelos esforços internacionais com vista à libertação de ambos, enquanto Kyaw Soe Oo sorriu e acenou aos repórteres. “Estou muito feliz e animado por ver a minha família e os meus colegas. Mal posso esperar por ir para a minha redação”, disse Wa Lone.

No dia 23 de abril, o Supremo Tribunal de Myanmar rejeitou o último recurso de Wa Lone e Kyaw Soe Oo, e confirmou as sentenças de prisão de sete anos, na sequência de reportagens sobre a repressão militar contra a minoria muçulmana rohingya.

Os dois jornalistas partilharam com os seus colegas da Reuters, no início de abril, o Prémio Pulitzer de reportagem internacional, uma das maiores distinções do jornalismo.

Wa Lone, de 32 anos, e Kyaw Soe Oo, de 28, eleitos “Figuras do Ano” pela revista Time, foram sentenciados no início de setembro, numa sentença de primeira instância, a sete anos de prisão, acusados de violarem segredos de Estado.

Os repórteres da Reuters estavam a investigar a morte, em 2017, de dez rohingyas, durante ações de repressão militar contra essa comunidade muçulmana, num caso que a ONU classificou de genocídio.

A condenação tem sido amplamente divulgada em todo o mundo e é lida como o resultado de um julgamento manipulado, destinado a impedir o trabalho de jornalistas sobre as ações dos militares contra os rohingyas.

Apesar das críticas internacionais, a dirigente política Aung San Suu Kyi – prémio Nobel da Paz em 1991- considerou justificadas as detenções dos dois jornalistas, recusando-se a intervir durante o primeiro julgamento, apesar de o Governo que lidera ter tido a oportunidade de deixar cair as acusações contra eles.

Desde agosto de 2017, mais de 700 mil rohingyas fugiram para Bangladesh, em resultado da violência das forças armadas birmanesas e das milícias budistas.

ZAP // Lusa

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