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Milhares de britânicos foram infetados com hepatite C e SIDA em tratamento de saúde

Persian King / Flickr

Nos anos 70 e 80, cerca de 7.500 britânicos foram infetados com produtos sanguíneos contaminados emitidos pelo Serviço Nacional de Saúde. Quase cinco mil pacientes contraíram hepatite C e SIDA.

Os casos têm mais de 30 anos, mas têm agora ganho atenção mediática, já que alguns dos pacientes estão a ser ouvidos em tribunal, com a abertura da investigação sobre o escândalo médico. Dos 7.500 envolvidos, cerca de 4.800 tinham hemofilia — um distúrbio da coagulação do sangue — e contraíram hepatite C e SIDA.

Os produtos contaminados do Serviço Nacional de Saúde foram infetados por transfusões sanguíneas ou durante o parto, segundo informa o All That’s Interesting. Sabe-se que o sangue foi importado dos Estados Unidos e foi pago a grupos de alto risco, como presidiários, para doarem o sangue, sem que fosse feita uma triagem adequada.

Depois de importado, o sangue foi usado num tratamento com plasma sanguíneo humano, que ficou conhecido como Fator VIII. Como a procura era imensa, a solução encontrada na altura foi importar o sangue dos EUA, que foi inclusive usado para tratar pequenas lesões.

Muitos dos pacientes que participaram em tratamentos com este sangue contraíram doenças como a hepatite C e a SIDA. Entre os infetados estavam algumas crianças. De todos os infetados, apenas 250 deles estão hoje vivos.

“Quando somos jovens, somos invencíveis. Quando temos 23 anos, estamos em boa forma — mas depois quando nos dizem que temos 12 meses para viver — é muito difícil compreender”, explicou Derek Martindale, um dos pacientes infetados.

Martindale contraiu SIDA e hepatite C após ter sido infetado com sangue contaminado do Serviço Nacional de Saúde britânico. Na altura, o britânico tinha apenas 23 anos quando soube da sua situação. O britânico explica que foi aconselhado a não contar a ninguém, porque poderia tornar-se num “pária social”.

O irmão de Martindale, que também sofria de hemofilia e passou pelo mesmo tratamento, contraiu SIDA e morreu em 1990. Durante as suas declarações em tribunal não conseguiu esconder a emoção ao contar a sua história.

Ele sabia que estava a morrer, sabia que tinha SIDA e que não tinha muito tempo para viver e só queria falar sobre isso, falar sobre como estava com medo. Mas eu não pude”.

Antes das audiências, o Governo britânico anunciou um apoio financeiro extra para aqueles que foram infetados. Os novos fundos rondariam entre as 75 e as 98 milhões de libras.

“Eu sei que este será um momento difícil para as vítimas para as famílias, mas hoje começa uma jornada que será dedicada a saber a verdade sobre o que aconteceu e fazer justiça a todos os envolvidos”, disse a primeira-ministra Theresa May em comunicado.

ZAP //

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