Um estudo concluiu que beber água da torneira no estado norte-americano da Califórnia ao longo de toda a vida pode aumentar significativamente o risco de desenvolvimento de doenças oncológicas, podendo mesmo ter contribuído para o aparecimento de cerca de 15.500 casos de cancro, entre 2011 e 2015.
A investigação foi levada a cabo por uma equipa da ONG ambiental Environmental Working Group (EWG) que alerta que a água dos sistemas públicos da Califórnia está contaminada com vários produtos químicos, como arsénio, cromo hexavalente, bem como elementos radioativos como urânio e rádio em limites legalmente aceites.
Para o estudo, cujos resultados foram esta semana publicados na revista científica especial Environmental Health, a equipa analisou 2.773 sistemas públicos de água em toda a Califórnia, que servem 98% da população deste estado com água potável.
Aplicando os índices cumulativo sde risco de cancro aos dados sobre os elementos que contaminaram os sistemas de água potável na Califórnia entre 2011 e 2015, os cientistas concluíram que 15.449 casos desta patologia oncológica podem estar relacionados com a qualidade de água que é distribuída.
“A grande maioria de risco de cancro, cerca de 85%, deve-se à combinação de contaminantes que estão presentes [nas águas e dentro dos] limites legais“, explicou Tasha Stoiber, cientistas da EWG e autora do estudo, em declarações ao The Guardian.
“Descobrimos que a maior parte deste risco estava abaixo do padrão legal federal (…) Estes riscos cumulativos são baseados em padrões de de saúde, e não em níveis [de substâncias] legalmente aplicáveis. Portanto, embora a água potável possa ter aprovação, ainda podem haver alguns risco para a saúde associados ao seu consumo”, sustentou.
Os sistemas públicos de água da Califórnia são regulados pela Lei Federal de Água Potável, sob a qual a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) estabelece os padrões para a qualidade da água potável e implementa vários programas para garantir a sua segurança. Embora 90% dos sistemas da Califórnia estejam em linha com estes padrões, o “legal nem sempre significa que é seguro“, adverte a EWG.
“Na ausência de controlo federal, os estados devem tomar medidas para estabelecer e aplicar padrões de água potável que sejam mais rigorosos e saudáveis do que aqueles exigidos pela EPA”, apontou ainda Stoiber. Até lá, e como medida imediata, o EWG “recomenda enfaticamente” a instalação de um filtro de água que possa reduzir a exposição a contaminantes.