Testes de ADN confirmaram que Jan Karbaat, médico holandês de fertilidade acusado de usar o seu próprio sémen para inseminar pacientes sem o seu consentimento, tem 49 filhos.
A notícia foi avançada pela emissora holandesas NOS, sendo também noticiada pelo jornal espanhol El País. Karbaat, que morreu aos 89 anos em abril de 2017, inseminou várias mulheres em segredo na sua clínica, que foi fechada em 2009 depois de surgiram acusações de que o médico teria falsificado dados e descrições dos doadores.
De acordo com o jornal espanhol, as suspeitas foram lançadas há dois anos por um dos seus filhos legítimos que pediu para que o seu ADN fosse cruzado com o de outros 18 filhos de mulheres que recorreram à clínica.
Em fevereiro passado, o caso veio a público depois de um tribunal ter concedido a um grupo de pessoas o direito de testar a compatibilidade do seu ADN com o do médico.
Jan Karbaat negou sempre as acusações, recusando-se também a cooperar com as pessoas potencialmente afetadas pelas inseminações artificiais. Também o seu advogado tentou impedir os testes de ADN, alegando que a privacidade de Karbaat, bem como a da sua família deveria ser respeitada.
Apesar da contestação, o tribunal autorizou os testes, sustentando que havia provas suficientes para se acreditar que Karbaat tivesse usado o seu esperma sem o conhecimento das pacientes. Os testes revelaram elos de ADN entre um filho legalmente reconhecido do médico e o grupo de pessoas que foram concebidas na sua clínica de fertilidade.
“Depois de uma procura de 11 anos, posso seguir com a minha vida. Estou feliz por finalmente ter clareza”, disse um dos filhos de Karbaat, Joey, que fez os testes de ADN, observando que agora pode finalmente “fechar este capítulo” da sua vida.
O “médico inseminador”, tal como ficou conhecido, sem dadores suficientes, intervinha no processo de fertilização ocultando a proveniência do sémen, escreve ainda o El País, dando conta que nas décadas de 1980 e 1990, a clínica recebeu cerca de seis mil mulheres para fazerem o procedimento.
As famílias visadas ponderam pedir uma indemnização aos familiares de Karbaat por danos emocionais e despesas com o processo. Acusam o médico de ter violado a ética profissional e denunciam a ausência de controlo das clínicas de fertilidade.
“Estas mulheres estavam num dos momentos mais frágeis das suas vidas e foram convencidas de que o dador era anónimo. [Karbaat] brincou com estas mulheres e não tomou em consideração as consequências dos seus atos”, referiu Moniek Wassenaar, uma das recém descobertas filhas do médico, ao jornal espanhol.
A inseminação artificial é feita na Holanda desde 1970. Em 2004, estabeleceu-se que os filhos concebidos desta forma podem pedir informações sobre o dador a partir dos 16 anos.
A família não é culpada, antes pelo contrário, podem cobrar o ‘serviço’