O Canadá vai retirar metade dos funcionários da sua embaixada em Cuba depois de 14 diplomatas terem ficado “misteriosamente doentes”. Este caso ocorre após dezenas de trabalhadores da embaixada americana em Havana terem adoecido, alguns tendo registado danos cerebrais leves.
De acordo com um artigo do Guardian, divulgado na quinta-feira, foram confirmados 14 casos de problemas de saúde misteriosos desde o início de 2017 envolvendo diplomatas canadianos e alguns dos seus familiares.
Em novembro de 2018, o governo do Canadá revelou que estava a considerar todas as opções em relação à sua embaixada em Cuba, depois da confirmação do 13.º caso. Num comunicado emitido esta quarta-feira, a Global Affairs Canada indicou que os testes confirmaram a 14.º vítima, não se sabendo a causa por trás destes incidentes.
Após a confirmação, um fonte ligada ao governo canadiano contou que este último caso envolve um diplomata que chegou no verão a Cuba, tendo relatado os sintomas a 29 de dezembro. O próprio adiantou que os casos recentes confirmam que esses incidentes ainda estão em andamento.
Devido a estes eventos “misteriosos”, em abril do ano passado, o governo do Canadá ordenou que as famílias dos diplomatas em Cuba voltassem para casa. Desde o início destas ocorrências, o ‘staff’ canadiano na embaixada em Havana passou de 16 para oito.
Segundo o Guardian, o país continuará a ter um embaixador em Havana e os serviços consulares estarão disponíveis, no entanto, alguns programas podem ser ajustados nas próximas semanas.
Cuba é um dos destinos turísticos favoritos dos canadianos, tendo o governo do Canadá já avançado que não existem evidências de doença entre os turistas. Em comunicado, outra fonte ligada ao governo indicou que Cuba tem cooperado desde o início e que as autoridades daquele país estão “tão frustradas quanto as autoridades canadianas”.
Já em setembro de 2017, os EUA retiraram a maioria de seus funcionários diplomáticos de Cuba. Essa decisão surgiu depois de 26 trabalhadores terem adoecido, devido a alegados “ataques sónicos”, provenientes de tipo de arma ultrassónica, que fazia explodir ondas sonoras ou microondas.
Os diplomatas afirmaram que sentiram náuseas, perda de audição, dores de cabeça e problemas de equilíbrio. A CBS, que disse ter tido acesso a relatórios médicos destes casos, apurou que o ‘ataque sónico’ pode ter provocado danos cerebrais em alguns diplomatas.
Pouco mais de um ano após o ocorrido, um grupo de investigadores da Universidade da Califórnia em Berkeley, nos Estados Unidos, e da Universidade de Lincoln, no Reino Unido, analisaram uma gravação do ruído supostamente utilizado para os “ataques sónicos”, tendo concluído que a mesma pode ter sido produzida pelo chilrear de grilos.
A 03 de outubro, o Departamento de Estado dos EUA anunciou que ia expulsar 15 diplomatas cubanos da embaixada de Cuba em Washington, dando um prazo de sete dias para estes deixarem o país.
Embora o governo cubano tenha negado veementemente qualquer envolvimento, estes casos misteriosos fizeram com que ruíssem as relações entre este e os Estados Unidos, que tinham tido um ponto alto quando os dois países – afastados por meio século – restauraram laços diplomáticos totais sob o governo do presidente Barack Obama, em 2015.