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Polémica Mário Machado. TVI rejeita “lições de moral” do Governo e lembra caso Le Pen

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Miguel A. Lopes / Lusa

O ex-dirigente do PNR, fundador da FN, Mário Machado

O director de informação da TVI, Sérgio Figueiredo, respondeu ao ministro da Defesa, João Cravinho, que criticou a estação por ter convidado Mário Machado, líder da extrema direita, condenado por crimes de discriminação racial e agressões a negros, para o programa “Você na TV”.

Durante o programa da TVI “Deus e o Diabo”, liderado por José Eduardo Moniz, Sérgio Figueiredo reagiu às declarações do ministro da Defesa que acusou o canal de ter uma atitude incendiária “pelo prazer de ver as labaredas“.

Sublinhando que o ministro “atirou a primeira pedra”, Sérgio Figueiredo notou que “João Cravinho integra um Governo que ainda há pouco tempo recusou pedir à organização da Web Summit que retirasse o convite à Marine Le Pen“, a líder da extrema direita francesa.

“Ao senhor ministro pergunto se esta senhora da extrema-direita francesa, que inspira movimentos xenófobos por toda a Europa, não cabe também ela na categoria dos incendiários”, referiu ainda o director de informação da TVI.

“O ministro da Defesa não tem moral para atirar a primeira pedra e muito menos para associar o convite a Mário Machado à guerra das audiências”, acrescentou, frisando que pode devolver ao Governo “a mesma suspeição” – “será que o dinheiro que a Web Summit traz a Portugal é suficiente para apagar estas labaredas?”, questionou.

“Não podemos fazer falsas hipocrisias com assuntos muito sérios”, disse ainda Sérgio Figueiredo, criticando a ideologia defendida por Mário Machado.

Apesar de defender a liberdade de escolha do convite efectuado a Mário Machado para integrar a rubrica “Diga de sua justiça”, durante o “Você na TV”, a TVI resolveu suspender este espaço do programa apresentado por Manuel Luís Goucha e Maria Cerqueira Gomes.

Goucha já referiu que a responsabilidade do convite a Mário Machado foi do jornalista Bruno Caetano, o autor da rubrica, notando que só soube que seria ele a integrar o entrevistado três dias antes da emissão da entrevista.

O apresentador frisa ainda que fez “o trabalho de contraditório” para “desmontar os argumentos” e “afirmações perigosas” de Mário Machado.

Todavia, Goucha não escapa de críticas e o cronista do Expresso Daniel Oliveira acusa-o de ser “cúmplice” por dar “a cara por aquele programa” num “processo consciente de branqueamento de um criminoso com objectivos políticos”.

O ex-dirigente do Bloco de Esquerda queixa-se de que ele próprio foi alvo de “uma ameaça de morte” alegadamente feita por Mário Machado. Além disso, acusa a TVI de ter permitido que as “mentiras” de Mário Machado, que disse que “tinha sido preso por ter escrito um texto “nacionalista” e por um suposto engano judicial”, passassem “como verdades”.

Actual líder do movimento de extrema direita Nova Ordem Social, Mário Machado foi condenado em 2012, a 10 anos de prisão por crimes de discriminação racial, coacção agravada, posse ilegal de arma e ofensa à integridade física qualificada. Foi também condenado por agressões a várias pessoas, em 1997, quando integrou o grupo de skinheads que agrediu negros no Bairro Alto, em Lisboa, no Dia de Portugal, num episódio que levou à morte do cabo-verdiano Alcindo Monteiro.

PCP pede audição urgente

O PCP já pediu uma audição urgente da Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC) no Parlamento, destacando que a Assembleia da República “não deve permanecer indiferente perante atentados aos valores democráticos e humanistas“.

No requerimento dos comunistas, refere-se que a Comissão Parlamentar de Educação, Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto deve analisar “a questão da apologia do fascismo, do racismo, e de práticas criminosas que lhe estão associadas”, para traçar a “resposta a dar pelas instituições democráticas ao fenómeno”.

Entretanto, dezenas de associações de imigrantes exigem uma tomada de posição do Governo e sanções à TVI, acusando a estação de “numa mobilização oportunista, ou talvez ingénua, do princípio da liberdade de expressão”, estar “a dar voz a ideias – legitimando-as e normalizando-as -, de figuras e organizações racistas e fascistas“.

“O contexto político internacional (…) mostra-nos como as democracias estão em perigo”, lembram estas associações, exigindo “uma estratégia política específica e proactiva de combate a esta deriva racista e fascista nos média portugueses”.

Marcelo apela à tolerância

O Presidente da República apelou, por seu lado, à tolerância, para que se evite a violência e a radicalização.

Em Dia de Reis, e depois de ouvir uma mistura de janeiras tradicionais e um mini-concerto de Ano Novo, Marcelo Rebelo de Sousa agradeceu e aproveitou o momento para lembrar que “o espírito desta época” deve “transitar para as outras épocas ao longo ao ano”, em que se deve respeitar a riqueza de quem pensa “de maneira diferente”.

“Seria insuportável de viver numa sociedade que fosse toda igual, igual nas ideias, nos projectos, nas ambições das pessoas, nas carreiras, nos sonhos”, afirmou, salientando que deve também existir “um respeito recíproco, uma aceitação do pensamento dos outros”.

ZAP // Lusa

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2 Comments

  1. O grande monte de estrume que é a TVI já teve o seu “lucro” com toda esta polémica estúpida!
    É mesmo programação típica do canal criado pela igreja (misturada com lixo vindo de Espanha)…
    Num programa onde enganam os “menos informados” a toda a hora, com números de valor acrescentado, Calcitrin’s, astrologia, etc, a opinião de um criminoso radical é o que menos nos devia preocupar!!

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